História dos apps
Em 1983 houve um evento sobre design em Aspen, Colorado (EUA), e Steve Jobs fez um discurso sobre suas prospecções e o futuro da tecnologia. Ele disse que sua intenção para os usuários era de fazê-los sentir como se fossem entrar numa loja de discos para escolher um CD, comprar e ir embora; mas se referindo a softwares que seriam baixados nos celulares via ondas de rádio. Uma evolução e tanto, se compararmos o famoso “jogo da cobrinha” nos antigos Nokia 6110 com os 500 primeiros apps da App Store, lançada em 2008. Precursora não apenas do smartphone, a Apple também foi naturalmente pioneira das lojas de aplicativos. Após tal concepção, muitas outras lojas foram lançadas com o mesmo princípio de atender seus usuários e oferecer os mais diversos aplicativos móveis, tais como Google Play e BlackBerry World. Como já havíamos lidado com aplicativos (calculadora, calendário, etc) em aparelhos que não eram smartphones, tivemos muito mais facilidade para nos habituar aos aplicativos oferecidos por essas lojas. Até mesmo quem não tem muito costume com tecnologia sabe o que é e para que serve o WhatsApp, por exemplo – mesmo sem conhecer o termo “app”, um leigo certamente utiliza vários deles na vida diária. Logo abaixo, faremos um histórico envolvendo o sistema operacional e o funcionamento dos apps, desde o mais antigo celular e dispositivo que dispunha de aplicativos até os mais recentes, dando um panorama de como a evolução aconteceu em cada sistema diferente. Vamos lá?
Palm OS (1996 – 2009)
O Palm OS era o sistema operacional presente em palmtops, aparelhos que eram utilizados como PDA (Assistente Pessoal Digital) e simulavam um “computador de mão”. A empresa responsável também tentou ingressar no mercado de smartphones, mas acabou falhando e encerrando suas atividades neste sentido em 2011. Seu sistema operacional possuía aplicativos básicos, inclusive reprodutor de áudio e vídeo do famoso RealPlayer. Apesar do sistema operacional não ter vingado, a interface utilizada serviu de inspiração para algumas mudanças no Android e iOS. Em 2009, a LG comprou o sistema operacional e alterou seu nome, que agora é conhecido como o WebOS, o mesmo que vemos atualmente nas smart TVs da empresa.
Symbian (1997 – 2012)
Desenvolvido para os celulares Nokia, o Symbian foi o sistema operacional que acompanhou a empresa durante 15 anos, tendo encerramento em 2012. O aparelho que mais se destacou na época foi o Nokia 808 PureView, que acabou recebendo mais atualizações deste sistema operacional. Infelizmente para o Symbian, os apps, baixados pela Nokia Store, se tornaram o ponto fraco. Vendo os concorrentes conseguirem apps aos montes, tanto o iOS quanto o Android, a Nokia não conseguiu atrair tantos desenvolvedores para seu sistema operacional, o que foi mais um dos motivos pelo qual os consumidores se afastaram da marca. Por ter sido um pouco mais antigo, o Symbian acabou não sendo pensado para telas touch (as que utilizamos atualmente, tocando na tela para utilizar o smartphone), o que limitou o sistema da Nokia, tornando seus aparelhos cada vez mais obsoletos. Em 2015, todo o suporte ao Symbian foi encerrado por conta dessas complicações. Anteriormente chamada de Nokia OVI, a loja de apps se tornou Nokia Store, pois a empresa possuía a intenção de unificar seus produtos em um nome só, na tentativa de reforçar o poder da marca. Atualmente, os celulares da marca utilizam o sistema operacional Android e os aplicativos da Play Store. Menção honrosa ao Nokia N95, considerado um dos primeiros smartphones – o aparelho continha o sistema operacional Symbian OS S60v3. Seus recursos eram avançados para a época, como a navegação em HTML, suporte para vários codecs, reprodutor de áudio com muitas funcionalidades, o nativo Nokia Life Blog que funcionava como uma “rede social”, podendo publicar fotos e mensagens, entre vários outros. Muitos leitores provavelmente tiveram seu primeiro contato com aplicativos de smartphone nesse saudoso celular.
BlackBerry OS (1999 – Atualmente)
O BlackBerry foi um dos aparelhos mais utilizados no exterior no que se refere à comunicação e tecnologia. A maioria de seus celulares possuía o sistema operacional BlackBerry OS, que já existia antes dos maiores concorrentes atuais, mas não conseguiu alcançar em sua loja de apps — BlackBerry World — o nível de compatibilidade que o Google Play ou a App Store já tinham, e somando isso ao fato de passar por um período de falha geral em seus serviços, sua reputação foi ruindo aos poucos. O fim da loja de aplicativos da BlackBerry chegou, finalmente, no dia 31 de dezembro de 2019, adotando a Google Play Store em seu lugar. A empresa TLC era a responsável pela fabricação dos aparelhos BlackBerry, e após um período de cinco anos, decidiu encerrar seu contrato, assim finalizando a fabricação dos smartphones. De acordo com um tweet da BlackBerry, eles anunciaram que os smartphones que estiverem ativos e os que estiverem à venda terão suporte até 31 de agosto de 2022, reafirmando o compromisso com o consumidor. A empresa Onward Mobility comprou os direitos de licenciamento após isso, e anunciou que trabalhará com a Foxconn para produzir um novo aparelho (com 5G!) e lançá-lo ainda em 2021, mas não há maiores notícias sobre o assunto ainda. O aparelho que mais se destacou com este sistema operacional foi o BlackBerry Bold 9900.
iOS (2007 – atualmente)
Bastante conhecido no mundo todo, o iOS, disponível em aparelhos aparelhos iPhone, sempre foi muito bem servido em questão de apps. Até hoje alguns apps, como o recente Clubhouse (posteriormente disponibilizado para Android), são lançados exclusivamente para iOS, seja por um período ou permanentemente. Outro exemplo é o Instagram, que foi exclusivo para baixar na loja App Store em iPhones durante um certo período. Muitos desenvolvedores se mostram interessados em criar apps para o iOS, principalmente pela alta demanda deste sistema operacional. O primeiro iPhone (que possuía exatamente este nome, “iPhone”, sem os números ou letras após o nome) foi lançado em 2007 e possuía apenas apps nativos do sistema. Um ano depois, junto com o iPhone 3G, a App Store trouxe ao sistema operacional da Apple 500 apps para serem baixados e/ou comprados. Isso revolucionou todo o mercado de smartphones e eletrônicos, uma vez que a partir daqui surgiram as outras lojas de apps para smartphones e posteriormente lojas, como exemplo, para baixar aplicativos em smart TVs. Desde então, a seleção de aplicativos da empresa aumentou muito, mas sem perder as altas exigências para se publicar um app no sistema, o que garante um mínimo de qualidade, que é menos padronizada em outros sistemas. Atualmente, os aplicativos de iOS possuem integração com outros dispositivos da empresa, como Macs e iPads, deixando a biblioteca extremamente plural e intercambiável.
Android (2008 – atualmente)
Considerado o sistema operacional mais utilizado no mundo, o Android vem aderindo mais e mais pessoas a cada dia. Com alta compatibilidade entre seus smartphones e também em computadores que possuam Windows, por exemplo, este sistema operacional ascendeu rapidamente por sua facilidade de acesso e popularização. Sua loja, Google Play, possui apps dos mais variados tipos e modelos, onde é possível se perder em sua quantidade disponível atualmente. Possivelmente a linha Galaxy, da Samsung, retém o título de smartphones com Android mais famosos, como dito anteriormente, por sua popularização a nível mundial. A maior parte dos smartphones que não utilizam iOS vem com sistema Android, mais ou menos modificado, mas com os mesmos aplicativos na Play Store. A facilidade de publicar e utilizar os aplicativos – muitos gratuitos, em outra vantagem da plataforma – certamente foi um dos atrativos para gerar essa popularidade, tanto entre os desenvolvedores quanto entre os usuários.
Windows Phone (2010 – 2017)
Um dos sistemas operacionais que tinha grande promessa mas que não conseguiu entregar tanta qualidade foi o Windows Phone. Por possuir uma interface diferente dos concorrentes, o Windows Phone era um atrativo, mas sua loja de apps, conhecida apenas como “Loja”, não possuía muitos aplicativos. Outro fator que desmotivou os desenvolvedores foi justamente o que houve com outros sistemas operacionais: a falta de compatibilidade e o crescente aumento de usuários para Android e iOS. Em parceria com a Nokia, a Microsoft tentou emplacar aparelhos com o seu novo sistema operacional, a conhecida linha Lumia, como o seu top de linha, Nokia Lumia 1520. Neles, a Loja também estava inclusa e posteriormente vimos o sucessor do Windows Phone, o sistema operacional Windows 10 Mobile. A falta de aplicativos populares e o lançamento tardio, em relação aos presentes no mercado, foram motivos pelos quais acabou levando a Microsoft à decisão de encerrar seu projeto para o mercado mobile: O suporte e as atualizações foram encerrados em 2020. Atualmente, é difícil e há quem considere até impossível viver sem os apps. Inclusive, você que está lendo essa matéria com certeza possui um ou outro aplicativo que faz questão de manter consigo. A princípio esses aplicativos foram pensados para realizar funções utilitárias e até mesmo descontração, como os jogos, mas com o tempo, as coisas foram para outro nível. A alta usabilidade dos aplicativos móveis chega a ser infinita, onde só a criatividade do seu autor que limita sua função. Apesar da alta liberdade teórica, há algumas coisas pelas quais seus criadores ainda precisam pensar antes de conceber algum aplicativo – por exemplo, como ele será exibido na sua tela. Hoje em dia, há telas dos mais diversos tamanhos e formatos, diferente das décadas passadas, onde os celulares e smartphones possuíam dimensões praticamente padronizadas (vide os primeiros iPhones); o avanço tecnológico é realizado em todos os sentidos – desde os aparelhos em si até os aplicativos que eles comportam.
Aplicativos famosos
De tempos em tempos vemos listas com os mais variados aplicativos sendo eleitos os melhores do ano conforme cada sistema operacional. Sempre haverá um ou outro que fizeram história: seja a nível nacional ou internacional. Citaremos alguns deles, que você pode encontrar nas lojas mais utilizadas no mundo e que fizeram parte das nossas vidas, ou fazem até hoje:
Facebook: rede social anteriormente utilizada apenas em navegadores, teve sua expansão e consequente aumento exponencial de usuários via apps em celulares e smartphones;Instagram: exclusivo para iOS durante um período, esta rede social marca a história dos aplicativos com o número cada vez mais crescente de usuários. Apesar de ser “apenas” uma rede social, a forma pela qual compramos e vendemos se reinventou através deste app;Google Maps: anteriormente só podíamos nos localizar via mapas impressos ou escritos, agora já conseguimos traçar uma rota e chegar exatamente onde queremos ir;Twitter: uma das redes sociais mais antigas da lista, este app possui várias anos de polêmicas, sempre aparecendo por um ou outro tweet que se destaca. Mudou e muito a forma pela qual vemos notícias diariamente;WhatsApp: apesar de sua utilização mundial, o mensageiro é extremamente comum em território nacional, deixando de vez a utilização de SMSs para podermos conversar de forma instantânea;YouTube: um dos maiores serviços de streaming e pioneiro no que se propõe, a rede que foi comprada pelo Google é uma das mais usadas até hoje, ou até mesmo a mais usada. Através dele não dependemos mais de acompanhar o que antes só poderíamos ver na televisão, mas sim por vídeos a qualquer momento;Snapchat: ao introduzir o recurso de reproduzir mídias em alguns segundos e expirando em 24 horas, este app com certeza foi um divisor de águas, principalmente quando vemos que seus concorrentes aderiram a este recurso;Tinder: o aplicativo para busca de relacionamentos é uma febre para todos os tipo de casais e é utilizado até hoje em todo o mundo, revolucionando o modo pelo qual você conhece novas pessoas para encontros ou apenas amizades;TikTok: o mais recente reprodutor de vídeos cresce a cada dia, popularizando músicas e coreografias, é bastante utilizado como marketing, inovando como cantores e artistas divulgam seus materiais.
Passamos pelo jogo da cobrinha aos mensageiros instantâneos e atualmente estamos literalmente conversando com nossos aparelhos eletrônicos. O que virá em seguida? Provavelmente o futuro dos aplicativos já está, em partes, presente na nossa realidade. Esses programas para smartphones foram tão além que não conseguiram parar por aí e invadiram outros aparelhos, como televisões (smart TVs) e relógios (smartwatches). Também contendo as mais diversas funções, esses aparelhos oferecem ao usuário mais utilidade do que simplesmente assistir a um filme ou conferir as horas. Os smartwatches, por exemplo, são o que chamamos de wearables (“vestíveis”, em tradução livre), pois é algo que não precisamos pegar ou ir ao seu encontro para manusear, como o celular que está num bolso, mas sim um dispositivo que você já está usando, no pulso, como algo de fato vestível. Resumindo: você não tem mais contato com os aplicativos propriamente ditos, mas haverá um intermediário que realizará a função daqueles aplicativos para você, como agendar um despertador ou inserir o lembrete de algum aniversário para que você seja notificado. Confira a propaganda “There’s An App For That“, em que a Apple mostra as novidades e facilidades dos aplicativos móveis: Gostou da história dos apps? Aproveite para ver os melhores apps para Android em 2020 pelo Google Play Awards.
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Fonte: The Guardian e Inventionland.