A previsão, porém, é que o fechamento não afete os US$ 28 trilhões do mercado de ações, porque grande parte do trabalho da bolsa já ocorria num data center. Agora, toda a ação vai ocorrer dessa forma – pelo menos temporariamente, mas ainda não se sabe até quando.
Prevenções na NYSE e turbulência na economia
O diretor de operações da Bolsa de Valores de Nova York, Michael Blaugrund, explicou durante um podcast que por mais que a empresa seja um dos lugares mais higiênicos do mundo, os funcionários ainda correriam risco de serem contaminados pelo novo coronavírus durante o pregão físico. Ainda segundo o diretor da NYSE, fechar o andar no atual momento evita a possibilidade de um fechamento súbito e não-planejado nos próximos dias ou semanas. A medida foi adotada após um período de turbulência na economia mundial, conforme os números de casos confirmados e mortes causadas pelo novo coronavírus aumentavam. Com as quedas bruscas nas ações, a Bolsa de Valores de Nova York precisou acionar o circuit breaker, que interrompe todas as operações, quatro vezes desde o dia 9 de março. Isso foi um marco histórico. Ainda não há previsão de quando o andar da NYSE será aberto para que o pregão físico seja retomado.
Elemento humano na Bolsa de Valores de Nova York
Na maioria das bolsas de valores de outros países, as negociações são feitas apenas eletronicamente há anos. Na London Stock Exchange (LSE), por exemplo, não existe pregão físico desde 1986. Então por que a Bolsa de Valores de Nova York ainda mantém (ou melhor, mantinha) o andar de pregões físicos funcionando? Bom, a NYSE insiste que a presença dos corretores ainda é uma parte vital das negociações. E é, também, uma questão de marketing, porque a empresa construiu sua imagem em cima dessa particularidade. Exemplo disso é o icônico toque do sino que marca o início e o fechamento do pregão no andar do prédio. Só que isso não é apenas uma questão de aparência. O pregão físico tem vantagens reais nas negociações. Isso porque a NYSE oferece vantagens para os corretores que trabalham no andar durante o fechamento do leilão, que determina os preços finais do dia. Isso mantém o elemento humano relevante para o processo. Outra vantagem do pregão físico na Bolsa de Valores de Nova York é poder utilizar a “ordem discricionária” – ou “ordem D”, para facilitar. Ela acontece no fechamento dos leilões e garante um tempo extra para os corretores negociarem. Segundo a NYSE, 6% das negociações do dia ocorrem nesse período graças a esse recurso, que não será utilizado nas negociações eletrônicas. Para Michael Blaugrund, a intervenção humana de um pregão físico eleva a qualidade do mercado de maneira inigualável, principalmente em épocas de pandemônio econômico (e de pandemia do novo coronavírus). Por isso, ele relata que fechar o andar foi uma decisão difícil. Fontes: Quartz, Veja e Último Instante