As referências das gerações até a millennial, por exemplo, quando se fala em consumir notícias de fontes confiáveis, com certeza são associadas com memórias de assistir a jornais na televisão e consultar jornais populares impressos de sua região – que hoje, inclusive, a maioria, se não todos, possuem suas versões online. Já a geração Z herdou o pé que o final dos millennials plantaram em 2000 com a ascensão da internet e estenderam o legado da popularidade dos youtubers. Os jovens são o principal público-alvo que está ajudando a consolidar mais ainda o lugar dos criadores de conteúdo nessa leva de fontes confiáveis. A reflexão proposta aqui não é estabelecer o certo ou o errado, mas sim mostrar a importância e o papel do jornalista de informar seu público de forma ética, correta e confiável – pontos que vou ensinar mais para frente como saber se um site ou qualquer outra fonte segue ou não. Mas é fato que veículos oficiais de notícias estabeleceram um referencial de como fazer jornalismo e dar espaço para formadores de opinião – por sua vez embasados em estudos, entrevistas e pesquisas, itens essenciais. Como dito, a forma como consumimos notícias está mudando, logo a fórmula de como transmiti-las para o público também deve acompanhar esse fluxo. Um bom exemplo de como essa dinâmica é complexa, está na vivência da jornalista e criadora de conteúdo canadense Cindy Pom.
Como está mudando a forma que consumimos notícias?
No Newsthink, o canal no YouTube da jornalista Cindy Pom, ela compara a trajetória e engajamento dela quando trabalhava em canais de televisão como CBC News, CTV News e CBS News e agora como uma criadora de conteúdo. Assim como a jornalista aponta, há uma enorme diferença entre vídeos feitos por canais de televisão e vídeos feitos por youtubers, mesmo que ambos trabalhem com imagem. Isso porque os criadores de conteúdo na internet têm muito mais liberdade criativa, fato que geralmente torna o material mais chamativo. Aqui existe a possibilidade de adentrar e se aprofundar em qualquer tema de sua preferência, seja por um vídeo de 5 minutos, 10 minutos, 30 minutos, não há um limite preestabelecido que você precise se limitar. Já no ambiente televisivo, por se tratar de uma grade de programação estabelecida, não existe a possibilidade de flexibilizar o tempo do conteúdo. Há um cronograma a ser seguido para que todos os conteúdos sejam exibidos conforme os horários definidos na programação. Repare, por exemplo, no formato de entrevistas realizadas em programas de televisão como o Mais Você – e suas versões lançadas na plataforma online – e compare com entrevistas feitas especificamente para o formato online. Outro exemplo prático está relacionado aos videocasts – os famosos podcasts em vídeo – e aos podcasts em geral. Seja ouvindo o Podpah, o Pod Delas, o Mano a Mano, ou qualquer outro de seu interesse, existe uma noção de imersão naquele conteúdo que faz com que ele pareça uma grande roda de conversa entre amigos próximos. O papo parece mais informal, natural e sem roteiros, geralmente dura em torno de 1h a 2h e sempre deixa aquela vontade de ouvir mais. As entrevistas de televisão são limitadas pelo tempo e costumam ser mais rápidas, com perguntas mais engessadas e respostas que cumprem o básico, geram frases de efeito e encaixam no tempo estipulado. Existe uma sensação mais distante aqui, não tem tempo de imergir no que está sendo abordado, ainda que algumas emissoras tentem trabalhar isso com dinâmicas mais descontraídas no ao vivo. Mesmo assim, há um tempo a se cumprir. As restrições de tempo prejudicam a narrativa porque você não pode se aprofundar em um tópico. Existem, claro, as grandes reportagens com horas de duração, mas elas não são exibidas diariamente por exigirem um bom número de recursos para serem produzidas. Então por que as emissoras simplesmente só não replicam os conteúdos mais elaborados para a internet? É uma boa questão, mas não funciona tão fácil assim. Hoje em dia você pode encontrar, sim, programações replicadas nos respectivos streamings dos canais, tal qual Globoplay, Discovery+, entre outros. Mas isso não é o suficiente, a forma que consumimos notícias está mudando em diversos aspectos, portanto apenas replicar um conteúdo de outro formato não será o bastante para que ele ganhe o engajamento esperado que os criadores de conteúdo conseguem conquistar. Outro fator a ser considerado é que é difícil para as emissoras produzirem conteúdos que funcionem bem na internet, pois sua narrativa está baseada no conceito e nos moldes da televisão e, consequentemente, necessita do apoio financeiro das publicidades – que geralmente intercalam suas propagandas entre os programas televisivos. Assim como é difícil produzir as reportagens para esses novos moldes, há o caminho inverso também. As chances de você achar uma programação linear na televisão na qual passe um programa ou quadro de um jornalista e/ou especialista em tecnologia fazendo uma análise completa de um novo celular topo de linha, por exemplo, são raras – e arrisco dizer que, na verdade, são nulas. Isso porque o público que consome televisão não se interessa por esse tipo de narrativa, assim como a maioria das pessoas que preferem conteúdos específicos não vão se contentar com abordagens mais generalistas como as de televisão. A jornalista Cindy Pom também usa o caso da CNN+ para ilustrar o fato de que não faz sentido o conteúdo mudar de formato sem que ele seja pensado. A CNN+ quando lançada, foi apontada como a Netflix das notícias, por oferecer séries originais, documentários, programação diária ao vivo entre outros. Isso não foi o bastante para alcançar a meta de visualizações, mal chegou em 10.000 por dia. Na internet esse número hoje em dia não significa quase nada. Logo, o serviço foi encerrado após um mês de lançamento. Um ponto que contribuiu também é que quase ninguém se dispôs a pagar o valor mensal para assistir a noticiários, sendo que o YouTube disponibiliza vídeos de forma gratuita. Além da assinatura, existe também o paywall em alguns sites. Por um lado, os veículos de comunicação que utilizam essa ferramenta claramente precisam de um retorno financeiro para conseguir continuar o trabalho, mas, ao mesmo tempo, a democratização da informação factual acaba sendo prejudicada. Por isso e por outros motivos geracionais, as pessoas acabam voltando suas atenções para plataformas de vídeos gratuitas e para perfis de criadores de conteúdo com outros tipos de abordagem.
A ascensão de criadores de conteúdo
Não é porque os criadores de conteúdo não estão de terno e gravata repassando um texto formal que eles não possuem credibilidade. Na Era da Informação e dos passinhos no TikTok, os influenciadores e formadores de opinião enxergaram um espaço amplo para gerar engajamento e compartilhar visões de mundo. Os vídeos são mais sucintos, a linguagem é mais acessível, o ambiente se torna familiar. Ainda que seja uma forma mais descontraída de informar, os criadores de conteúdo que são comprometidos em abordar informações verdadeiras e embasadas em estudos reais, fazem esse trabalho de forma que construa a sensação de intimidade com seu público, ou seja, a mesma forma utilizada nos podcasts e videocasts citados nessa matéria. Quando uma pessoa fala sobre um assunto com uma linguagem mais acessível e cenário mais familiar como o quarto de cenário, algum outro cômodo da casa, etc. (algo comum no TikTok), a probabilidade das pessoas pararem para consumir aquele conteúdo é triplamente mais alta por conta do nível de identificação que se obteve com esses criadores de conteúdo. A internet é infinita e oferece uma gama de nichos específicos para os formadores de opinião conquistarem um espaço. A ascensão de plataformas online não significa a extinção das mídias tradicionais, muito menos do jornalismo. O verdadeiro segredo é adaptar o conteúdo de acordo com o formato e trabalhar uma forma que atraia os novos públicos também.
Como identificar fontes confiáveis
Seja um site, seja canais no YouTube feitos por formadores de opinião ou algum perfil de criador de conteúdo no Instagram, Twitter e TikTok, é importante que você saiba identificar fontes confiáveis com fundamentação sólida em pesquisas. Afinal, no universo online, qualquer um pode escrever o que bem entender, abrindo portas para a desinformação e as temidas fake news (notícias falsas). Então, sempre que puder, fique ligado nas dicas a seguir:
Veja se, em algum momento, o site ou o criador de conteúdo cita pelo menos duas fontes confiáveis de pesquisa para falar sobre o assunto em questão;As fontes confiáveis geralmente são sites e conteúdos que trabalharam suas credibilidades ao longo dos anos e tornaram-se grandes referências nos nichos que abordam;No caso de notícias factuais, opte por se informar em lugares que relatam a novidade em si, sem que coloque um olhar muito pessoal nisso – caso isso aconteça, já se enquadra em outro tipo de texto como opinião e crítica;Ainda sobre notícias factuais, hoje em dia existem sites que fazem o trabalho de checagem jornalística mais aprofundada, como a Agência Lupa, o Fake Check e o Fato ou Fake;Observe se o conteúdo conta com entrevistas feitas com especialistas no assunto (profissionais que estudaram sobre o tema abordado e/ou que trabalham diretamente com ele) ou com pessoas diretamente ligadas ao conteúdo (o caso de executivos da marca, atores, diretores, produtores…);Caso não tenha entrevistas na íntegra, você pode conferir também se o texto ou conteúdo em vídeo cita alguma aspa importante de fontes confiáveis que prove e endosse o ponto que está sendo abordado;Verifique se ao longo do texto existem hiperlinks redirecionando para as fontes usadas e leia diretamente os textos em que o site se baseou para aquela matéria;No caso de vídeos, olhe sempre a descrição deles e procure também pelas fontes e referências usadas;Pesquise sempre mais de uma fonte para saber sobre o assunto desejado, pois quanto mais você ouve/lê explicações em relação ao tema, mais familiarizada ficará e, consequentemente, conseguirá distinguir o que é verdade e o que é falso.
Para exemplificar, vou usar uma área de tecnologia como tema para te dar recomendações. A partir dele, é possível ser aplicado para todas as outras áreas como séries, música, política, saúde, entre outros para achar fontes confiáveis. Aqui no Showmetech, falamos sobre a diferença de USB 2.0 vs. USB 3.0 vs. USB 3.1 Tipo-C. Ao clicar na matéria, logo no começo, você pode encontrar um estudo que foi usado como fonte confiável para estruturar a matéria. Além dele, foram consultadas mais três fontes confiáveis para ter uma compreensão maior do assunto para que o conteúdo seja completo e possua veracidade comprovada para a informação do leitor. Assim como o Showmetech, outros sites nacionais e internacionais são fontes confiáveis e referências para assuntos principalmente ligados às áreas de ciência e tecnologia. Veja também 12 hábitos tecnológicos para ser mais feliz em 2022 10 dicas valiosas para diminuir a ansiedade no home office Fontes: Newsthink e Agência Lupa