A Reuters teve acesso a uma carta assinada por CEOs de diversas empresas do setor aéreo pedindo, mais uma vez, que instalação das torres a 3,2 km das pistas do aeroporto não aconteça. Entenda o caso agora mesmo e como isso também pode afetar o Brasil, que deve ter redes 5G em todas suas capitais e no Distrito Federal até julho.
Sensores podem apresentar mal funcionamento
Como você pode imaginar, os aviões possuem diversos sensores essenciais para que os voos sejam realizados com a maior segurança possível. Para garantir o título de meio de transporte mais seguro do mundo, um dos sensores mais importantes é o altímetro. Como o nome diz, este objeto é utilizado para medir a altitude do avião em relação ao chão. Tudo estava funcionando sem problemas, mas os profissionais de companhias aéreas dos EUA alertaram que, na verdade, o 5G pode atrapalhar voos por um simples motivo: a frequência destas redes é extremamente próxima à utilizada pelos altímetros. Enquanto o sensor do avião opera a 4,2 GHz e 4,4 GHz, as redes da Banda C que foram adquiridas em um leilão pela AT&T e Verizon funcionam a uma frequência de 3,98GHz. Com o trabalho sendo adiado para o dia 19 de janeiro (sim, próxima quarta-feira), uma nova carta foi enviada para:
Brian Deese: Diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca;Pete Buttigieg: Secretário de Transportes dos EUA; Steve Dickson: Administrador da Administração Federal de Aviação (FAA);Jessica Rosenworcel: Presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC)
Os CEOs alegam que uma crise catastrófica que “poderia prender dezenas de milhares de americanos no exterior” deve acontecer caso a instalação seja realmente levada em frente. O documento pedindo uma intervenção imediata foi assinado por empresas como UPS Airlines, Atlas Air, JetBlue Airways e FedEx Express. A carta foi organizada pela Airlines for America. Além da possível inutilização dos altímetros, também se prevê que os voos de baixa visibilidade pela mesma implementação das redes 5G sejam afetados.
Empresas não desejam impedir instalação
Muito se fala sobre como as redes 5G irão mudar como vivemos hoje, principalmente falando sobre Internet das Coisas (IoT) em setores como casa conectada e até mesmo agricultura. Mas o grande problema é que com uma grande tecnologia, grandes problemas também estão chegando. É o que apontam os especialistas. Imagine que com o risco dos sensores não funcionando de forma correta, as mercadorias que, por exemplo, passam ou até mesmo são fabricadas nos EUA, levarão mais tempo para chegarem aqui (ou nem irão chegar). O alerta dos CEOs não é focado em impedir que as redes 5G sejam implantadas nos EUA, mas sim fazer com que elas fiquem longe da área onde os aviões passam. A mesma carta ainda ressalta que os outros problemas podem surgir com a implantação das redes 5G. Em um leilão durante o ano passado, a AT&T e Verizon, importantes operadoras dos EUA, ganharam o direito de colocar torres após o pagamento de US$ 80 bilhões (cerca de R$ 442 bilhões). A instalação aconteceria agora no dia 3 de janeiro, mas isso foi adiado em duas semanas após especialistas do mercado já terem realizado o protesto. A FAA permitiu que as instalações fossem realizadas, mas as torres projetadas para ficarem em áreas mais próximas aos aeroportos não poderiam ser colocadas no local planejado. Entretanto, a lista dos locais de onde saem os aviões não incluía grandes aeroportos. 45% da frota de aviões comerciais estão liberados para realizar voos de baixa visibilidade, no mesmo local onde as torres serão instaladas agora no dia 19. As operadoras responsáveis alegam que a quantidade de energia não impacta no funcionamento dos sensores. Atualização às 14h24 do dia 19 de janeiro: após a divulgação da carta assinada pelos CEOs de empresas aéreas, as operadoras concordaram durante a terça-feira do dia 18 de janeiro em limitar a instalação das torres de Banda C e atrasar a instalação em locais próximos aos aeroportos dos EUA.
Parcela de aviões foi autorizada a realizar pousos
No dia 19 de janeiro, por volta das 17h, a FAA realizou uma revisão em três altímetros de alguns modelos que precisam voar o quanto antes para que as operações continuem funcionando. Uma nova parcela de aeronaves recebeu liberação para realizar pousos mesmo a com a instalação das redes 5G. Até o último dia 16 de janeiro, apenas 45% da frota comercial dos EUA estava autorizada a levantar voo. A lista foi atualizada e agora, 62% da frota comercial pode estar realizando pousos de baixa visibilidade nos aeroportos. Os tipos de aeronaves do tipo Boeing 777 são a grande novidade da lista. São eles: 717, 737, 747, 757, 767, 777, MD-10/-11 e Airbus A300, A310, A319, A320, A330, A340, A350 e A380.
Delta Air Lines estuda cancelamento de voos
Mesmo com as operadoras adiando as instalações mais uma vez, a Delta Air Lines divulgou que ainda há chances de voos serem cancelados, principalmente falando sobre clima em voos com baixa visibilidade. A empresa ressalta que antes de saírem de casa com planos de subirem aos aviões, os clientes consultem o aplicativo Fly Delta, que está disponível para Android e iOS. No caso de cancelamento devido aos motivos mencionados, a empresa garante isenções para os clientes, não sendo necessário realizar algum pagamento para realizar o agendamento. Inclusive, a remarcação do voo será feito de forma automática pelo sistema para que os clientes possam se programar. Informações sobre o status do voo serão enviadas por e-mail e uma ferramenta de autoatendimento pelo aplicativo Fly Delta e site oficial da companhia aérea estão disponíveis.
O 5G pode atrapalhar voos no Brasil?
Logo quando os especialistas dos EUA alertaram o possível problema das torres de conexões 5G nos EUA, muitas pessoas ficaram se perguntando se o mesmo problema poderia acontecer em terras tupiniquins. A EMBRAER, conglomerado transnacional brasileiro, chegou a se pronunciar sobre o caso. A grande diferença entre as operadoras dos EUA e operadores brasileiras é que a frequência por aqui é 500MHz menor, o que deixa a proximidade entre altímetros e redes 5G de lado. As operadoras que venceram o leilão brasileiro podem operar em até 3,7GHz. Os altímetros funcionam a uma frequência que varia entre 4,2 GHz e 4,4 GHz. O Brasil fica longe deste problema justamente por ter a “banda de guarda”, que serve como um espaço criado para gerar mais segurança. Por mais que os problemas possam não acontecer, a EMBRAER segue realizando o monitoramento com a ANATEL para acabar com danos no mercado aéreo brasileiro. Ensaios em voo e em solo para verificar possíveis interferências estão sendo considerados. Você poderia imaginar que as redes 5G poderiam dar problemas para as companhias aéreas? Diga pra gente nos comentários!
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Conheça tudo sobre a Winity II Telecom LTDA, nova operadora de redes 5G que venceu um dos lotes do leilão organizado pela ANATEL. Fontes: Reuters I G1