Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis foi o último filme na sequência cronológica do MCU e muito pouco escapou da fórmula de protagonista com um parceiro de alívio cômico. Por isso, Eternos é um respiro dentro do MCU, com um roteiro que passa a sensação de estar assistindo a Liga da Justiça de Joss Whedon, só que boa.
Quem são os Eternos?
O filme não perde tempo nenhum em introduzir quem são os Eternos: são seres criados por um Celestial chamado de Arishem, que foram enviados para proteger a humanidade dos Deviantes, uma raça de predadores. Os eternos são do planeta Olympia e seguem Arishem em sua missão com fé inabalável. São 10 Eternos enviados para a Terra, mais de 7 mil anos atrás, cada um com vida eterna, poderes e habilidades diferentes. Sersi — interpretada por Gemma Chan — é nossa protagonista improvável, a mais tímida do grupo que tem o poder de transfigurar qualquer objeto inanimado, como as paredes de uma casa de madeira prestes a serem destruídas por paredes de ferro. Sersi merece atenção especial por ser a personagem com mais tempo de tela durante o filme e, por isso, uma das únicas a ter um desenvolvimento de personagem apropriado. E curiosidade: Gemma Chan já interpretou a Minn-Erva de Capitã Marvel (2019). Além da protagonista, o grupo é formado por: Druig, capaz de controlar a mente dos humanos; Phastos, o inteligente do grupo, inventor e construtor de qualquer equipamento de combate necessário para a equipe; Sprite, uma Eterna capaz de projetar ilusões no mundo real, porém que tem a aparência de uma criança de 12 anos por toda a eternidade; Ikaris, é um eterno capaz de voar e atirar energia cósmica pelos olhos – meio Superman, não? Makkari, uma super velocista, que é, inclusive, a primeira super-heroína surda no MCU; Kingo, que é capaz de conjurar energias cósmica com as mãos e atirar nos inimigos; Gilgamesh é o mais forte entre todos, capaz de derrubar grande inimigos com um único soco; Thena, uma guerreira que consegue conjurar qualquer arma de mão com energia cósmica; E, finalmente, Ajak, a líder dos Eternos, com o poder de curar seus companheiros e que serve de ponte de comunicação entre os Eternos e Arishem.
Por que proteger a Terra?
Já ficou bem claro que o MCU conta com uma galáxia vasta de civilizações, então porque proteger a Terra? A pergunta é justa, mas o projeto Eternos não conta apenas com os 9 heróis que citamos, mas com muitos outros espalhados pela galáxia lutando contra os Deviantes, que são os vilões… Certo? Certo! Os Deviantes são predadores irracionais que apareceram misteriosamente na Terra milênios atrás. O filme desenvolve a história do presente com flashbacks do passado, do tempo em que os Eternos estavam batalhando juntos até dizimarem todos os Deviantes do planeta. A missão de Arishem pode parecer simples, mas o propósito verdadeira de defender a Terra só é revelado muito depois no filme e é um dos pontos de interesse do roteiro. Isso porque apenas a líder Ajak — interpretada muito bem por Salma Hayek — é a única que se comunica com Arishem e sabe o verdadeiro propósito dos planos do ser Celestial. Depois de alguns milênios e vencer os Deviantes, os Eternos se separaram, aguardando ordens de Arishem para o próximo passo, ordens que demoraram mais milênios para serem recebidas. Enquanto isso, a única regra era: não interferir em conflitos humanos, apenas protegê-los dos Deviantes. E por isso, nós não vemos Eternos lutando contra Loki em Nova York, ou contra o Thanos — e essa ajuda seria muito bem-vinda.
O filme
O filme então começa no presente mostrando Sersi e seu interesse romantico, Dane Whitman, que apesar de ser apenas um humano que trabalha em museu, o personagem também é o Cavaleiro Negro nos quadrinhos, o que ainda pode ser explorado nas telonas. Sersi e Sprite — interpretada por Lia McHugh — são uma dupla de Eternos que ainda mantém contato próximo e desde o começo do filme tenta desenvolver a personagem de Sprite, as dificuldades de parecer ser uma criança para sempre, não conseguir se relacionar, mas se perde nos acontecimentos maiores do filme. Logo de cara, o problema é simples: os Deviantes voltaram de alguma forma, mais fortes e mais inteligentes, então os Eternos precisam reunir a banda e voltar a tocar. A partir desse momento o filme começa a trabalhar com os flashbacks para mostrar o que os Eternos viveram no período de batalhas com os Deviantes ao mesmo tempo que desenvolve o plot no presente. Os flashbacks são os momentos mais cruciais para mim, eles desenvolvem a relação dos heróis, trazem informações não verbalizadas — lucro em filmes da Marvel — e conseguem, além de nos levar para passear em lugares e momentos históricos do nosso planeta, trazer um ponto de vista diferente sobre o que é ser um herói. Afinal, os Eternos não podiam ajudar em nada que não fosse relacionado com Deviantes, então como eles são heróis se não estavam lá em momentos que a humanidade claramente precisava? Entre os dilemas e reflexões, os Eternos tem que encontrar uma maneira de parar os Deviantes mais uma vez e salvar o planeta. Mas e depois? Nas palavras da própria Marvel: Os Eternos retornarão.
Vale a pena?
Sim. Vale a pena demais assistir os Eternos. Nós estamos vivendo uma nova fase 1 do MCU e ficou bem claro que esses personagens serão muito importantes daqui pra frente. Além disso, o filme pode não ser o melhor da franquia, mas as cenas de combate com os Deviantes, os poderes e efeitos especiais dos Eternos são muito bons e seguem o alto nível de qualidade que vimos recentemente em Shang Chi. A protagonista e o roteiro são o ponto alto do filme, junto com a variedade de personagens interessantes que durante o filme todo você quer mais e mais de cada um dos Eternos. O que me leva a falar que, o maior defeito de Eternos é não saber explorar alguns arcos. O arco da Sprite é muito vazio com um grande desfecho, assim como Ikaris, que é um destaque durante o filme inteiro e recebe um fechamento jogado, sem a emoção que claramente a Marvel quis atingir. Um ponto de reclamação constante com o MCU são os alívios cômicos exagerados, mas a presença de Kingo — interpretado por Kumail Nanjiani — é muito bem utilizada e não quebra momentos de tensão com piadas desnecessárias, sabendo o momento certo de usar o humor, até rendendo risadas altas na sessão que assisti ao filme, coisa que não presenciava desde Guardiões da Galáxia. O grande destaque inesperado para mim foi Thena, personagem de Angelina Jolie. A personagem é uma dos Eternos que mais conseguiu se desenvolver e se impor nas telas com poucos momentos, sendo possível criar um laço com a personagem. Outro personagem que não pode passar batido é Druig — interpretado por Barry Keoghan — um que com certeza veremos mais e merece uma atenção especial nas poucas cenas que tem no filme. Para fechar, é claro que temos que falar das cenas pós-créditos. São duas, como já é padrão da Marvel e, dessa vez, as duas abrem muitas portas para projetos futuros do MCU relacionados aos Eternos, então não saiam do cinema até as luzes acenderem, por que te garanto que valerá a pena. E, ah, alguns rumores sobre as cenas pós créditos estavam certos, então se for assistir o filme, evite spoilers, para não estragar a experiência.
Conclusão
Eternos é um filme de orçamento de 200 milhões de dólares e faz jus ao dinheiro investido. O longa inova, mesmo que pouco, na fórmula MCU, e consegue introduzir personagens incríveis ao universo que merecem serem explorados nos projetos futuros da franquia. Com os primeiros heróis gay e surdo da franquia e um elenco de Eternos verdadeiramente diverso, Eternos também ganha uma estrelinha por fazer o mínimo. Então, se você quer uma experiência Marvel de qualidade, eu garanto que esse filme vai acabar entrando no top 5 filmes do MCU de muita gente por aí.
Onde e quando assistir:
O filme estreia no dia 4 de novembro de 2021 e, assim com Shang-Chi, você poderá assistir somente nos cinemas e no futuro será lançado no Disney+.
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