Ainda me lembro do dia em que a primeira filial da rede de locadoras Blockbuster abriu as portas no bairro do Itaim, em São Paulo. Na época, foi um grande alvoroço com uma loja onde eram disponibilizadas dezenas de cópias de cada grande lançamento do cinema, algo impossível para as pequenas locadoras de bairro que conseguiam no máximo 1 ou 2 cópias. Mesmo assim, era comum não encontrar as principais novidades se chegasse na locadora sexta no fim da tarde. O sucesso foi tamanho que dezenas de outras lojas foram abertas. Nos Estados Unidos, a companhia chegou a deter 50% do mercado de locação de filmes, com aproximadamente 70 milhões de clientes em meados dos anos 1990. Só que a evolução tecnológica provocou o declínio do setor. As operadoras de TV por assinatura começaram a oferecer os lançamentos no sistema pay-per-view (ou pague pra ver). A pirataria virou uma febre com DVDs sendo vendidos em barracas de camelôs e lojas espalhadas pelas cidades e, por fim, a internet chegou pra facilitar ainda mais a vida de quem gosta de ver filmes. Basta uma conexão banda larga para baixar ou assistir em streaming as grandes produções do cinema. Foi neste cenário que a direção da Blockbuster anunciou que a locadora de vídeo abandonará a atividade de aluguel de DVDs e fechará as 300 lojas varejistas restantes no país até janeiro de 2014. “Não é uma decisão fácil, mas a demanda dos consumidores evolui claramente para a distribuição digital de vídeo”, disse Joseph Clayton, diretor geral da Dish, controladora da rede. A marca Blockbuster continuará sendo usada para ofertas na internet. No Brasil, a rede foi comprada em 2006 pelas Lojas Americanas que aproveitou a estrutura das lojas para vender diversos tipos de produtos. Definitivamente é o fim de uma era.