Publicado no último dia 27 na revista Proceedings of the National Academy of Science, esse estudo indica que o principal motivo para os términos são as características do próprio relacionamento em si — ou seja, a dinâmica de vida que a pessoa constrói junto de seu(sua) parceiro(a). Pesquisadores utilizaram um algoritmo de inteligência artificial para analisar 43 estudos de relacionamentos envolvendo 11.196 casais espalhados em diversas partes do mundo, em países como Canadá, Estados Unidos, Holanda, Israel, Nova Zelândia e Suíça. A IA analisou então as razões que esses casais apontavam como prazerosas na vida a dois e concluiu que 45% do prazer em uma relação a dois está em características relacionadas a como as pessoas interagem entre si, 21% está relacionada à personalidade da própria pessoa, e apenas 5% tem relação com a personalidade do parceiro. Neste estudo, foram consideradas como características individuais elementos como condição financeira, satisfação com a própria vida, idade e empatia. Já entre as características que concernem ao relacionamento em si foram considerados fatores como a satisfação aparente que o parceiro possui com a relação, demonstrações de afeto, dinâmicas de poder e satisfação sexual. De acordo com Samantha Joel, autora principal do estudo e diretora do Laboratório de Decisões em Relacionamentos da Universidade Western (Canadá), estes resultados mostram que a pessoa com quem escolhemos nos relacionar não é tão importante quanto o tipo de relação que é construída entre as partes. Este poderia ser um dos motivos de porque tantas pessoas se frustram com aplicativos de namoro (como o Tinder), já que os algoritmos desses programas foram desenvolvidos para juntar pessoas baseadas em suas características individuais, e não no esforço que elas estão dispostas a fazer para que a relação dê certo.
Relacionamentos de sucesso segundo uma inteligência artificial
Como já mostramos anteriormente, este estudo tentou separar cada relacionamento em componentes individuais (aqueles que se referem sobre os gostos e opiniões de apenas uma das pessoas na relação) e em componente coletivos (aqueles que se referem a como as duas pessoas interagem entre si) — fatores que, em qualquer relacionamento amoroso, estão a todo momento se interligando, mas que não possuem o mesmo peso. Entre as características individuais que mais afetam o relacionamento, o estudo identificou que a satisfação individual da pessoa com a própria vida, efeitos negativos do humor (como se sentir estressado ou irritado), sentimentos de depressão e falta de esperança no futuro, ansiedade para com o parceiro (como ficar se preocupando demais sobre se o relacionamento está dando certo) e o receio de ficar dependente de outra pessoa. Já entre as características coletivas que mais influenciam em um relacionamento estão o comprometimento percebido no parceiro (se a outra pessoa dá sinais de que quer que esta seja uma relação duradoura), a apreciação pelo outro, a satisfação sexual, a satisfação notada no parceiro (o quanto você consegue perceber que a outra pessoa está feliz no relacionamento) e as situações de conflito na relação. De acordo com Joel, essas características individuais são importantes para definir como cada pessoa irá abordar um novo relacionamento (por exemplo, alguém que tem o receio de ficar dependente pode tentar evitar por mais tempo tornar uma relação oficial), mas ainda possuem muito menos influência no sucesso deste relacionamento do que as características coletivas. Assim, é a dinâmica que uma pessoa constrói no relacionamento — a divisão das tarefas, as piadas internas, as experiências que são compartilhadas — que são o principal motivo de as pessoas ficarem juntas, sendo esta uma comprovação científica daquela frase popular que diz que o amor não surge, ele se constrói. Fonte: Inverse