Tudo começou com a Corrida Espacial (The Space Race, em inglês), uma rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética para ver quem fazia os avanços e a exploração do espaço primeiro. Falando assim, pode até parecer uma competição infantil dentro da Guerra Fria, mas ela é responsável por permitir diversos avanços e tecnologias atuais. A Corrida Espacial teve início logo após a II Guerra Mundial. A União Soviética deu o primeiro passo ao colocar em órbita o satélite Sputnik em 1957 – ele caiu no Caribe no ano seguinte, mas mostrou a capacidade dos soviéticos de lançar foguetes. Para não ficar para trás, poucos meses depois do Sputnik ser lançado, já em 1958, os Estados Unidos enviaram o Explorer 1, um satélite que ficou em órbita até 1970. Os equipamentos que levava, desenvolvidos por James van Allen, permitiu identificar uma região onde alguns fenômenos atmosféricos (Cinturão de van Allen) ocorriam. Ainda em 1958, a NASA (National Aeronautics and Space Administration – Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) foi oficialmente criada, substituindo a NACA (National Advisory Committeee for Aeronautics (Comitê Consultivo Nacional para a Aeronáutica). A NASA foi a responsável pela Apollo 11 (e várias outras missões Apollo). Em 1959, a União soviética lançou o Luna 2, a primeira sonda espacial a atingir a Lua. Dois anos depois, em 1961, Yuri Alekseievitch Gagarin, um cosmonauta soviético, foi o primeiro homem a viajar pelo espaço. Pouco tempo depois, ainda em 1961, o americano Alan Shepard realiza o mesmo feito. No mesmo ano, o então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, afirmou que mandaria humanos para a Lua ainda naquela década. Dito e feito, foi o que aconteceu por meio da missão Apollo 11.
A ambiciosa missão Apollo 11
Na mitologia grega, a deusa da Lua é Ártemis. Porém, a missão de pousar na Lua recebeu o nome de Apollo, irmão gêmeo de Ártemis. Aparentemente, Apollo era um nome mais atraente por ser mais popular, além de seguir a linha de nomes mitológicos. Estabelecida a missão, começaram os esforços para fazê-la funcionar. Apesar da Apollo 11 ser lembrada por ter sido um sucesso, houve muito empenho envolvido, além de tentativas fracassadas. Entre 1961 e 1964, o orçamento da NASA aumentou aproximadamente 500 vezes e o projeto de ida à Lua envolveu milhares de pessoas. Em 1967 houve uma tragédia na qual 3 astronautas morreram quando a espaçonave pegou fogo durante uma simulação de lançamento. Porém, o plano de ir para a Lua não foi abortado. Em 1968, um voo espacial tripulado orbitou ao redor da Lua. Era o Apollo 8, dos Estados Unidos. Pouco tempo depois, no dia 16 de Julho de 1969, o voo Apollo 11 decolou carregando a bordo os “heróis americanos” Neil Armstrong, Edwin ‘Buzz’ Aldrin e Michael Collins. Quatro dias após o lançamento da Apollo 11, em 20 de Julho de 1969, Neil Armstrong e Buzz Aldrin pousaram na Lua (no Módulo Lunar, apelidado de Eagle – Águia, em português). Enquanto isso, Collins ficou orbitando a Lua. Armstrong afirmou: “The Eagle has landed” (a Águia pousou, em tradução). Sobre o momento, ele afirmou que era: Traduzindo a frase acima: “Um pequeno passo para um homem, um enorme salto para a humanidade”. Armstrong foi o primeiro a pisar na Lua e Aldrin foi o segundo. Ambos caminharam por três horas, fizeram experimentos e coletaram amostras de solo e de rochas. Ainda, fincaram a bandeira dos Estados Unidos no chão (ato famoso e polêmico). Mas nem tudo foi tão fácil como parece. Os astronautas enfrentaram vários “perrengues”, como um disjuntor quebrado que quase deixou Aldrin e Armstrong sem voltar para casa. Além disso, a caminhada não se compara a uma ida ao parque e deve ter sido extremamente exaustiva. Apesar de também ser emocionante, a excursão pelo solo lunar foi rápida. Depois da exploração, os dois astronautas voltaram para junto de Collins e os três retornaram para a Terra, chegando dia 24 de Julho de 1969. Embora tenha sido um grande feito, o homem retornou à Lua somente mais 5 vezes depois da Apollo 11. Todas elas ocorreram entre 1969 e 1972: Apollo 12 (novembro de 1969), Apollo 14 (fevereiro de 1971) Apollo 15 (julho de 1971), Apollo 16 (abril de 1972) e Apollo 17 (dezembro de 1972). Em cada uma delas, dois astronautas caminharam pelo solo lunar. Embora as mulheres já tivessem ido ao espaço (a primeira foi a cosmonauta soviética Valentina Tereshkova, em 1963), nenhuma teve oportunidade de caminhar na Lua. A corrida espacial terminou em 17 de Julho de 1975, quando a Apollo 18 e Soyuz 19 fizeram uma missão conjunta de acoplagem na órbita da Terra. A primeira espaçonave continha 3 astronautas norte-americanos, enquanto a segunda tinha dois astronautas soviéticos. É quase um final dramático (e feliz) com “inimigos” de mãos dadas.
Teorias da conspiração
É claro que, se envolve Estados Unidos, União Soviética, intriga e drama, não pode faltar uma teoria da conspiração. Há uma teoria que diz que as imagens foram filmadas em um deserto dos Estados Unidos e que o homem não foi para a Lua (e talvez nem tenha saído da Terra). Essa teoria é formada a partir de algumas ideias. Confira algumas delas a seguir (seguidas por seu respectivo falseamento).
1 – No vídeo, a bandeira dos Estados Unidos tremula quando é fincada, embora não haja atmosfera na Lua para que o ar a movimente.
Na verdade, a bandeira não está se movendo. Afirma-se que ela tem a forma curvada porque foi como foi colocada no solo, mantendo-se assim devido à falta de gravidade. Ainda, quando foi fincada no local, foi preciso girar para lá e para cá para que ela se fixasse.
2 – Não dá para ver as estrelas e as sombras vistas em algumas fotos, aparentando terem sido causadas por luzes artificiais (como em um cenário de filme).
A superfície da Lua reflete a luz solar, de modo que ofusca o brilho das estrelas, que está ausente nas fotos. Com relação as sombras, elas se devem, além dessa reflexão, à superfície irregular e à incidência solar, que contribuem para a sua distorção.
3 – Não dá para ver o que os humanos deixaram na Lua com um telescópio como o Hubble.
Estranho seria se desse para ver, visto que a Lua está longe demais para vermos uma bandeira em sua superfície com o Hubble, que não captura esse tipo de detalhes. Porém, os vestígios podem ser vistos com uma sonda que está mais próxima, a Lunar Reconnaissance Orbiter. Com ela é possível ver, inclusive, as pegadas no solo.
4 – Não há cratera deixada pela espaçonave.
O pouso foi bem suave, de modo que o impacto foi mínimo (de modo geral, ninguém estaciona um veículo em alta velocidade). Ou seja, a intenção era exatamente não criar uma cratera (o que levantaria uma nuvem de poeira que atrapalharia os astronautas).
5 – O cinturão de van Allen fritaria os astronautas que tentam passar por ele.
Formado pelo campo magnético da Terra e atingido por partículas altamente energizadas pelo Sol, o cinturão de van Allen é considerado perigoso. Porém, os lançamentos ocorreram em horários nos quais eles estavam com menor intensidade, de modo que a radiação recebida seria a mínima possível. Além disso, a espaçonave foi projetada para oferecer proteção contra essa radiação. Inclusive, a prova de que os astronautas saíram da órbita terrestre é que vários desenvolveram problemas de visão.
6 – Se fosse verdade que o homem caminhou na Lua, nós estaríamos fazendo viagens para lá constantemente.
Esta pergunta merece uma resposta mais longa (e ganhou uma parte do texto só dela logo abaixo).
Por que viagens para a Lua não são cotidianas?
Você pode estar pensando: se o homem chegou à Lua há 50 anos, é bem provável que, com a tecnologia atual, seja possível organizar excursões turísticas para dar uma voltinha por lá. Porém, por que não o fazemos? Quando todos os cantos do planeta viram as notícias do homem caminhando na Lua (provavelmente em uma televisão em preto e branco, já que a TV a cores só começou a se espalhar na década de 70), a emoção foi geral. A ideia de que dentro de alguns anos poderíamos passar as férias na Lua estava mais próxima da realidade. Porém, cinquenta anos depois, nós sabemos que não é bem assim. A resposta para o questionamento é bem simples: não vale a pena (nem tempo, nem dinheiro). Basicamente, não tem nada na Lua que seja assim aproveitável. Não é como se você fosse para lá curtir a paisagem ou pegar um bronzeado. Há muito mais coisas no espaço que podem ser exploradas, nas quais compensa investir e que têm maior relevância científica (como compreender buracos negros e procurar um planeta habitável quando a Terra não estiver dando conta de nos suportar). Além disso, a Guerra Fria acabou. Apesar de a União Soviética ter saído na frente algumas vezes, os Estados Unidos “ganharam a brincadeira” quando Neil Armstrong caminhou pela Lua e a disputa perdeu a graça. Em contrapartida, em 2017, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, aprovou uma diretriz que autoriza a NASA a enviar missões tripuladas para a Lua. Porém, para que isso aconteça, é preciso ter orçamento. Enviar alguém para fora da Terra é exorbitantemente caro (um valor que já foi estimado em muitos bilhões de dólares). Para confirmar o seu desejo, Trump voltou a se manifestar neste ano e afirmar que as viagens para a Lua e para Marte retornarão durante sua administração e que, para isso, ele vai atualizar o orçamento. Se a deusa da Lua não foi homenageada na primeira série de expedições, chegou a vez dela: as novas tentativas de exploração lunar serão a Missão Ártemis, pretendida para acontecer em 2024. Ainda, a NASA pode enviar uma mulher pela primeira vez para a Lua. No entanto, é preciso ressaltar que, com a tecnologia atual, é muito mais prático e seguro enviar sondas que enviar humanos. As sondas atuais podem explorar o terreno, aguentar situações que um humano não aguentaria e ficar anos por lá sem a necessidade de retornar para a Terra. É basicamente nisso que muitas empresas privadas estão investindo, embora algumas tenham planos que parecem bem mais ousados, como a SpaceX, de Elon Musk.
Comemorando os 50 anos da Apollo 11 com classe
No ano passado, a Universal Pictures, antecipando os 50 anos da comemoração da ida do homem à Lua, lançou um filme chamado O Primeiro Homem (First Man). Ele relata a missão Apollo 11 com foco em Neil Armstrong. Em abril deste ano, os astronautas se reuniram para celebrar (antecipadamente) os 50 anos da caminhada do homem na Lua. Entre eles, estavam Buzz Aldrin e Michael Collins (ambos da Apollo 11), Rusty Schweickart (Apollo 9), Fred Haise (Apollo 13), Harrison Schmitt (Apollo 17), Al Worden (Apollo 15) e Charlie Duke (Apollo 16). Neste mês de Julho, ainda na comemoração dos 50 anos, a NASA inaugura uma estátua de bronze dos três tripulantes da Apollo 11. O que o futuro guarda para as viagens para o espaço, seja para a Lua ou para outros locais, ainda é meio obscuro (bem como as pesquisas com buracos negros). Afinal, cada nova descoberta pode fazer uma grande diferença e mudar o rumo da história. É inegável dizer que a atração do ser humano pelo desconhecido – no caso, o que não sabemos do espaço – instiga a explorar e a buscar por respostas para os milhões de questionamentos não resolvidos. O passo inicial já foi dado com a Apollo 11 (literalmente). Fontes: NASA, Space.com, Space Centre, History.com