Afinal, quanto custa fazer um game?
Quando falamos sobre o investimento estimado para produção de um jogo digital, há uma gama imensa de custos que devem ser considerados. Em primeiro lugar, é preciso entender o que o projeto vai exigir em termos de infraestrutura, experiência jogável e mão-de-obra qualificada. Jogos de grandes produtoras, como PlayStation ou Ubisoft, gostam de focar seus esforços em cenas com animações fotorrealistas — geralmente produzidas sob uma direção cinematográfica que exige captura de movimento, mapeamento facial e modelagem de alta qualidade. Portanto, uma parte considerável do orçamento acaba sendo destinada para a contratação desses profissionais. O que muita gente não sabe, porém, é que os maiores custos estão associados com marketing e campanhas de divulgação em geral. Para os chamados AAA (orçamentos de dezenas a centenas de milhões de dólares), esses custos podem representar até 70% do custo total até o momento em que o jogo está nas mãos do público.
The Last of Us Part II
The Last of Us Part II eleva a barra de qualidade antes estabelecida pelo sucesso de crítica e de público de Uncharted 4, se tornando um dos jogos de prestígio mais elogiados e polêmicos dos últimos anos. Além de ter a difícil missão de fazer jus à excelente primeira entrada da franquia, originalmente lançada em 2013, a sequência também mirou nas estrelas com uma experiência jogável e narrativa ainda mais longa e realista em termos audiovisuais. Segundo uma matéria redigida ao site ScreenRant, o orçamento para produzir The Last of Us Part II é estimado em 100 milhões de dólares — se não mais. Com tantos recursos de acessibilidade e anos de trabalho se dedicando à implementação e polimentos das mecânicas, é compreensível esse custo todo para apenas um jogo.
Cyberpunk 2077
O sucesso comercial e artístico de The Witcher 3: Wild Hunt foi tamanho que acabou por mudar para sempre a história da CD Projekt Red. Com um prêmio de jogo do ano em mãos e mais de 30 milhões de cópias vendidas de seu último jogo, a desenvolvedora e publicadora polonesa não precisou pensar duas vezes em quanto precisaria gastar com seu próximo projeto: Cyberpunk 2077. Entretanto, mal sabiam eles que, em poucos anos, passaria um dos maiores vexames em termos de lançamento de jogos da história. Você já deve conhecer a história: o jogo de mundo aberto, lançado em dezembro de 2020, saiu com uma quantidade absurda de bugs e problemas que atrapalhavam a experiência do usuário. Por conta disso, o jogo recebeu notas baixíssimas em agregadores como Metacritic e OpenCritic — além de ter sido removido da PlayStation Store por alguns meses. A vergonha teve cifras na ordem dos 300 milhões de dólares para mais de dez anos entre seu início de produção e sua contínua rotina de atualizações para corrigir tantos deslizes. Cyberpunk 2077 ainda é considerado, entretanto, um sucesso comercial: o jogo já está perto das 20 milhões de cópias comercializadas entre os formatos digital e físico.
Grand Theft Auto V
GTA V foi lançado em 2013 e continua sendo, mesmo em 2022, um dos jogos mais vendidos ano após ano. Isso se deve a muitos motivos, mas principalmente pelo investimento recorrente que a Rockstar Games faz em seu serviço contínuo, Grand Theft Auto Online. Lá no final da geração do PS3/Xbox 360, quando o game foi originalmente lançado, calcula-se que o custo para produzir o segundo jogo mais vendido de todos os tempos teria sido de aproximados 140 milhões de dólares — podendo chegar à casa dos 300 milhões de dólares com os custos associados a DLC, atualizações e manutenção. Dito isso, é fácil entender como tanto dinheiro foi investido em um só produto: GTA V já lucrou mais de 6 bilhões de dólares em quase 9 anos de existência, alcançando a marca de quase 150 milhões de cópias vendidas em três gerações de consoles diferentes. Seu sucesso imediato, inclusive, permitiu que a desenvolvedora colocasse todos os esforços e investimentos dos anos seguintes ao lançamento em Red Dead Redemption 2, outro gigante do entretenimento eletrônico que figura listas dos games mais caros já produzidos.
Star Citizen
E se eu te disser que um dos jogos selecionados para nossa lista ainda não foi lançado? Pois é, caros leitores e leitoras: Star Citizen ainda está em desenvolvimento e já acumula 400 milhões de dólares em investimentos ajustados para a inflação atual. Na verdade, esse dinheiro todo veio de campanha de financiamento coletivo há quase dez anos — quando a empresa Cloud Imperium Games anunciou o projeto do MMORPG espacial. Apesar de ainda não sabermos muitos detalhes sobre todos os recursos que ainda estão sendo utilizados para a produção do jogo, uma coisa é certa: o escopo parece ser imenso, um dos mais ambiciosos em qualquer game já lançado. A data de lançamento, por sua vez, ainda não foi divulgada, mas a expectativa é que o jogo chega às prateleiras e lojas digitais lá para 2027, totalizando quinze anos desde seu anúncio. Quanta espera e quanto dinheiro para um só jogo!
Among Us: subvertendo a lógica
Em muitos casos, artistas e estúdios independentes focados em games não têm a chance de alinhar os seus interesses com grandes publicadoras. Portanto, jogos menores acabam sendo desenvolvidos e distribuídos pela mesma equipe, aumentando a carga de trabalho e as responsabilidades sobre um pequeno grupo de profissionais. É o caso da Innesloth, equipe composta por três desenvolvedores que lançou, de maneiro tímida, o jogo social Among Us em 2018 para iOS e Android. O game, cujo estilo artístico é bastante simplista, usa o motor gráfico Unity e foi desenvolvido em pouco mais de 7 meses, focando em mecânicas que exigem comunicação entre os jogadores e jogadoras. Portanto, estima-se que o investimento tenha sido na casa das dezenas de milhares de dólares e não mais do que isso. Em julho de 2020, porém, o fracasso iminente de Among Us se transformaria em um fenômeno da pandemia do COVID-19: o jogo começou a se popularizar de uma forma assustadora. A Innersloth, que já se preparava para lançar futuramente uma sequência mais “graúda”, voltou atrás e começou a trabalhar em conteúdos contínuos para não deixar a peteca do hype em torno do primeiro título cair, elevando o custo inicial a outro patamar. E você, já pensou em fazer seu próprio jogo ou ser um artista do game design? Conte para a gente nos comentários!