Um conto entre cristais
O game começa com o marinheiro Seth acordando em uma praia depois de um naufrágio. Ele recebe ajuda de um senhor de idade e de uma jovem, que o levam para uma estalagem no reinado mais próximo. Posteriormente, descobrimos se tratar de Sir Sloan e da Princesa Gloria, que decidem partir em uma missão para recuperar os 4 cristais de Musa, reino deles que fora destruído. Enquanto isso, Seth decidiu ver o local onde havia surgido e lá conhece Elvis e Adelle, que estão em uma missão para encontrar os Asterisk, pedras especiais que fornecem Jobs para quem os possui. Eles decidem se juntar para tomar uma bebida e voltam para a cidade. Ao chegarem lá, descobrem que a Princesa Gloria foi sequestrada e partem em uma jornada para resgatá-la. E assim começa a nossa jornada. Embora esse seja o ponto de partida da história, vamos descobrindo coisas novas sobre cada um dos membros da equipe. Em um dado momento, descobrimos que Elvis é de uma família rica, mas suas ações em nada se assemelham aos nobres, entre muitas outras coisas. Cada uma das cidades é recheada de quests secundárias que dão itens e dinheiro para prosseguir durante a jornada. Muitas delas são bobinhas, como encontrar o filho ou gato perdido de um comerciante, ou morador, até eliminar monstros e realizar caçadas. Isso serve para aumentar o tamanho do gameplay e ajudar na hora de treinar nossos bravos guerreiros. Uma coisa bacana é a possibilidade de se conquistar tesouros com o game em modo de descanso. Podemos colocar Seth em uma jornada pela internet onde ele poderá ou não interagir com outras pessoas e descobrir lugares ou adquirir tesouros. Isso é relativamente simples de fazer no Switch, já que é só deixar o jogo aberto, colocar o aparelho no dock e ir dormir. Então, é só resgatar o que quer que tenha sido encontrado em uma lojinha na cidade. Falando em tesouros, uma coisa que me ajudou muito foi ficar cortando o mato que tinha pelo caminho. Com isso, podemos pegar dinheiro, itens e equipamentos. Eu fiquei particularmente feliz quando encontrei uma adaga muitas vezes mais forte que o nível que estava, e ela me ajudou a detonar adversários. Além disso, muitas vezes, entre um ponto e outro no mapa, costumava encontrar mais de 2 ou 3 mil peças de ouro no matinho. Perdi um bom tempo procurando por coisas valiosas. O gráfico do jogo é muito bonito, sendo um dos mais bonitos que já vi até hoje em jogos de RPG do estilo. Ele possui um charme único que vai à contramão da busca por fidelidade visual vista em games como Final Fantasy 15. Eu tive a oportunidade de jogar tanto na TV quanto no modo portátil, e senti que no segundo modo tudo parece combinar mais. Na TV, os personagens parecem muito grandes, levemente desproporcionais, não que isso afete em algo a jogatina, mas essa me foi a percepção pessoal. Todos os efeitos visuais durantes os golpes são um show à parte. A magia dos Magos Negros cresce exponencialmente em tamanho, ficando cada vez mais cabulosa. Há também os golpes especiais que adquirimos após receber as bênçãos dos cristais, e cada um dos Jobs possui seu próprio movimento, o que é quase sempre um espetáculo.
Bate, espera e começa tudo de novo
O grande destaque do game é o seu maravilhoso combate. Para os fãs mais saudosistas, é um prato cheio, já que possui o melhor das lutas em turnos com algumas pitadas únicas que fazem de Bravely Default 2 singular. Uma dessas pitadas é a possibilidade de se “emprestar” ou acumular turnos. Explico: utilizando um comando, podemos adiantar até 3 turnos, isto é, nosso personagem realiza quatro ataques seguidos, ou então guardar o turno atual realizando uma defesa, deixando este turno para ser utilizado quando necessário. Isso muda completamente a dinâmica das lutas, já que os adversários também tem acesso à mesma ferramenta, e isso pode nos prejudicar, e muito, quando estamos no meio de batalhas contra chefões. Por conta disso, entender e aprender o sistema é sempre uma boa, já que isso pode fazer com que as batalhas durem alguns segundos, ou então vários minutos, principalmente se adiantamos os turnos de todos os nossos personagens. Um dos pontos altos do game é seu sistema de Jobs. Eles são adquiridos no decorrer da jornada e cada um deles tem sua própria maneira de ser utilizada. Estar com a profissão certa contra um chefão é essencial. Durante minha jornada, eu estava treinando dois personagens com a mesma classe, e a fraqueza de um poderoso inimigo era um golpe simples deles, então foi só abusar do comando e partir pro abraço. Eu não tive a mesma sorte contra o adversário anterior, e tive que ficar muitos minutos dando golpes normais até liquidar com a vida dele. As classes afetam muitos elementos dentro do game, como, por exemplo, a afinidade com certos tipos de armas. Não espere ver o Mago Branco sabendo utilizar com destreza um machado, um bardo com bom controle de uma lança ou espada, etc. Isso não faria o menor sentido. Além disso, cada uma das classes pode carregar uma certa quantidade de peso, o que afeta na hora de escolhermos os melhores equipamentos, já que muitos deles são mais pesados que os mais comuns, e certos sacrifícios acabam sendo realizados – vale dizer que, como em todo RPG, isso muda os atributos. Em suma, batalhar em Bravely Default 2 acaba sendo uma tarefa bastante agradável. Os inimigos são visíveis na tela e, quando estamos mais fortes que eles, os monstros costumam correr na direção oposta, com medo. Várias foram as vezes em que vi bichos com o triplo do tamanho dos meus personagens se mandando para evitar um confronto. Porém, caso eles estejam no mesmo nível, correm na nossa direção sem pestanejar.
Toque o som, meu menestrel
Um dos primeiros impactos que o game me causou foi com a trilha sonora, brilhantemente composta por Revo, líder da banda Sound Horizon. Ele usa e abusa, acredito eu, do carrilhão, e causa um efeito nas músicas que eu gosto de chamar de pirimpimpim, já que me lembra muito as canções dos contos de fadas que eu ouvia durante a infância. Além disso, cada uma das regiões do game possui sua própria trilha sonora, mudando de acordo com as características de cada local. A dublagem do game é sensacional. Cada uma das vozes combina com os personagens principais e vilões, sendo que eles possuem também diferentes sotaques de muitas regiões europeias. A linguagem usada remete ao inglês arcaico, o que eu particularmente não gosto muito, mas entendo o seu uso por se tratar de uma jornada com temática medieval. Agora, uma coisa que me deixou bastante chateado durante a jornada foi o tempo de loading entre o mapa mundial e as cidades, por exemplo. Depois que você já está acostumado com o carregamento visto no Xbox Series X e no PlayStation 5, a demora do Nintendo Switch me parece um erro. Pode ser que seja exagero da minha parte, já que fazia um tempinho que não jogava nada no console da Big N, mas faz parte.
Bravely Default 2
Para os já iniciados no mundo dos RPGs japoneses, Bravely Default 2 é um prato cheio. Há muitos elementos a serem considerados e as batalhas podem se tornar verdadeiros desafios estratégicos. A trilha sonora e os efeitos sonoros são um show à parte e vale muito a pena conferir as canções, mesmo no dia-a-dia. O visual dos personagens é muito bem feito, os inimigos e monstros possuem carisma próprio, sendo também marcantes dentro da sua proposta. A história, apesar de simples, é cheia de voltas e muito bem feita. Se estiver à procura de um bom jogo que vai te entreter por muitas horas, então dê uma oportunidade para Bravely Default 2.