Disponível para Xbox One, Xbox Series X e Series S, PlayStation 5, PlayStation 4 e PC desde dezembro de 2021, o título chegou ao Xbox Game Pass em junho. Logo, fizemos uma análise completa para você saber se vale a pena ou não jogá-lo.
Conhecendo o mundo de Nara
O menu de início é o primeiro ponto positivo de Chorus, já que nos recebe com um grande orquestra composta pelo português Pedro Camacho, que aplica grandes ruídos de naves espaciais entre os instrumentos.
Depois de escolher o nível de dificuldade da experiência, nos vemos no controle da piloto Nara, ex-membro de um culto misterioso — O Círculo. Após destruir um planeta inteiro, ela deixa a instituição sabendo que seria marcada como herege. A primeira impressão é: em meio a culpa, trauma e sentido de dever com os atuais aliados, acabar com O Círculo se torna seu principal objetivo.
Nos primeiros momentos do jogo, alguns tutoriais nos guiam, à medida que diversos diálogos com personagens que habitam a galáxia de Nara aparecem por meio de áudios que deixam a interação bem impessoal. O que mais chama atenção no meio disso tudo é que a protagonista sussurra a si mesma frequentemente. Seria algum tipo de recurso que dê indício de uma possível dissociação/psicose por conta do trauma (como em Hellblade: Senua’s Sacrifice) ou apenas um método de compartilhar os verdadeiros pensamentos de Nara com o jogador?
Independente da resposta, é curioso que um título como este foque tanto na história que, a princípio, é intrigante. O elenco de voz faz um belo trabalho, mas não por menos, já que dependemos apenas desse recurso para conhecer a história das pessoas que encontramos nas missões secundárias.
O esforço visual é colocado com maestria nos horizontes e estações espaciais detalhadas. Tendo isso em mente, podemos continuar a exploração com a sensação de que encontraremos bons momentos pela frente.
A história de Chorus
Nara está numa missão de destruição do culto sombrio que a criou, O Círculo, grupo de fanáticos que promove a extinção da humanidade, liderado por um homem conhecido como o Grande Profeta. O desejo de acabar com a instituição surge depois que Nara explode um planeta inteiro, colocando-a frente de uma culpa imensurável. Vale frisar que sabemos de tudo isso por cinemáticas, sem “viver na pele” tudo que Nara passou, o que pode reduzir o impacto do que aconteceu na nossa perspectiva como jogador. Sua busca por redenção a leva através da galáxia e além dos limites da realidade. Dito isso, pode ser cansativo jogar cerca de 20 horas de campanha ouvindo uma criminosa de guerra arrependida. Praticamente todas as suas conversas culminam no arrependimento de ter obedecido às ordens de seu antigo chefe. O monólogo interior durante as conversas, que não é ouvido pelos NPCs, apenas por nós jogadores, é um recurso interessante, mas que também atinge uma repetição desnecessária. Nara aparece, por muitas vezes, sem emoção, provavelmente devido ao seu treinamento violento como guerreira e piloto de elite de um culto. Desta maneira, a personagem cumpre seu propósito dentro da narrativa de Chorus, mas sem muito brilho. Ao seu lado, está a nave espacial senciente chamada Forsaken, apelidada carinhosamente de Forsa pela apática protagonista. A inteligência artificial nutre sentimentos de desconfiança, pois foi abandonada por Nara durante os tempos que serviam juntas ao Círculo. Resumindo, a premissa de Chorus é simples: os humanos, juntos à desertora da organização maligna, devem resistir aos atos brutais do inimigo. Uma narrativa poderosa poderia ser contada dentro do gênero de shooter espacial aqui, num suposto mundo aberto que também poderia ser espetacular. Porém, esses dois quesitos não foram bem executados em Chorus.
Jogabilidade
Chegamos na parte boa! A jogabilidade é o carro chefe de Chorus. Num título pensado para ser uma experiência de suspense, envolvendo seita religiosa, você encontrará uma grande variedade de inimigos à medida que avança na história. O mais legal é a curva de aprendizado, já que novos comandos e poderes especiais vão aparecendo e acrescentando dinamismo aos combates. Com um pouco de insistência, você é capaz de dominar o sistema de combate em algumas horas, garantindo uma empolgante satisfação com o jogo. Outro destaque são as missões secundárias, que possibilitam a participação em corridas, vasculhamento por detritos, escoltamento de naves, controle de enormes naves de guerra e muito mais. Além de serem interessantes, elas proporcionam dinheiro, bastante útil para equipar a nave. Forsaken pode ser armado com lançadores de mísseis, metralhadoras ou canhões a laser, além de possuir três slots para mods, que podem ser usados para alterar o desempenho da nave em combate. Porém, a modificação da nave não requer muita estratégia, já que o jogo proporciona apenas upgrades, sem considerar o que pode ser mais adequado para situações diferentes. Outra coisa que poderia ser melhor são alguns dos cenários que são escuros demais, dificultando a navegação. O jogo se passa em um mundo aberto, assim, os jogadores podem completar várias missões opcionais. Existem momentos extremamente imersivos, capazes de dar a sensação de que somos sim atiradores de elite. Em outros, você se sente bem por ajudar o próximo, como o encontro com alguém que precisa de ajuda no conserto da aeronave. Sem necessidade de combate, apenas pequenos momentos agradáveis da experiência humana que dão nova vida ao gameplay. Já que estamos falando de open-world, o Showmetech tem uma lista de 20 jogos de mundo aberto para ficar de olho em 2022 que pode te interessar, viu? Voltando à análise, durante a exploração de Nara, ela encontrará vários templos antigos, locais que exigem a resolução de quebra-cabeças. Também são nestes momentos que a personagem adquire poderes de rito, criando habilidades de combate. Ou seja, o combate espacial ganha um toque de bruxaria, bem legal para o gameplay.
Cenários e visuais de Chorus
O mapa de Chorus é aberto, com novos sistemas estelares sendo desbloqueados à medida que você avança na história. Desta maneira, são apresentados diversos tipos de terrenos e horizontes, desde de enormes cidades de estações espaciais a mundos formados por montanhas de gelo. Ah, alienígenas com inúmeros tentáculos também fazem parte da vista. Em meio às explosões, efeitos de tiro e poeira estelar, tudo fica muito bonito. Na escuridão do espaço, o Culto se atrela com apego ao vermelho, o que acaba passando uma vibe bem Stranger Things em alguns momentos.
Chorus vale a pena?
Problemas de desenvolvimento da história e personagens desinteressantes à parte, um título que tinha uma narrativa com alto potencial, compensa todas as falhas em seus combates. Bem parecido com jogos de luta em que as cenas servem para introduzir a próxima batalha. E tá tudo bem! Ah, não podemos esquecer da edição de som de alta qualidade e trilha sonora empolgante do compositor Pedro Camacho. Com um gameplay médio de quinze a vinte horas, não há tempo para ficar entediado. Os desenvolvedores merecem respeito pela criatividade, tentando algo diferente dentro de um gênero tão restrito. Portanto, Chorus pode ser a próxima referência para os jogos de combate espacial. Chorus é um dos jogos que chegaram em junho no Xbox Game Pass.