O jogo ainda chegou para PS4, mas o foco é total na versão de PS5, mirando no tão sonhado desempenho e gráficos de nova geração. Gran Turismo 7, diferente de outros jogos populares de corrida recentes, como o Forza Horizon 5, é um game focado na paixão por carros e é uma carta de amor ao automobilismo. Eu tive o prazer de testar o simulador de corrida em cópia concedia ao Showmetech pela Polyphony Digital, desenvolvedora oficial do game exclusivo de PlayStation. A versão que tive acesso foi a de Playstation 4. Nesse review, vamos conhecer os detalhes de tudo que a nova entrada de Gran Turismo tem a oferecer.
A salvação da franquia?
Gran Turismo 7 já dá o tom do jogo desde a cutscene de abertura, uma montagem contando a história do automobilismo, uma ode aos fãs da velocidade e todos aqueles que apreciam carros. O grande desafio do título era revigorar uma franquia que carrega com si um gigante peso de agradar uma base de fãs muito grande e, ainda por cima, trazer jogadores inéditos com essa nova entrada. Para a chegada do oitavo título da franquia principal, a Polyphony se apoiou em grandes nomes, como Lewis Hamilton, campeão de Fórmula 1 e campanhas de divulgação de peso que contaram até com clipe e faixa de música original com o Idris Elba para divulgar o game. A gameplay em si não é tão diferente e pode afastar jogadores que querem uma experiência puramente de corridas. Em jogo, você passa muito mais tempo navegando menus do que de fato correndo — o que não é necessariamente ruim. Mas vou explicar melhor isso mais pra frente. O jogo não tem um modo história propriamente dito. Nele, você cria seu personagem, conquista carros e participa de corridas e campeonatos para crescer nessa comunidade viciada em automobilismo.
A dinâmica de Gran Turismo 7
Se você é apaixonado por carros, customização e tunar veículos, esse é definitivamente o seu jogo. Em GT7, você tem um ‘Café’, um lugar que é o reduto dos aficionados por carros, onde você recebe os ditos ‘cardápios’, que nada mais são do que missões para você conseguir desbloquear carros e novos circuitos. Nesse café, além das missões, você conhece também um pouco da história do automobilismo, conhecendo modelos e termos específicos desse mundo, que pode ser algo interessante para novos jogadores, e até pontos novos de conversação para os viciados em carros. Os cardápios te levam normalmente para explorar um lugar do mundo para correr algumas corridas e ganhar carros que se encaixam em categorias específicas, desde carros clássicos de estrada até de corrida profissional. Completar os cardápios não só te dá conhecimento e novos circuitos, mas também XP e créditos para comprar e tunar carros, ponto principal do jogo.
Gameplay demora para engatar a marcha
Por mais que seja interessante a parte de colecionador, a loja de carros usados só vende carros fabricados até 2012, e carros recentes só são liberados após umas boas horas de campanha. Assim, a primeira metade da sua experiência com o jogo provavelmente será com carros clássicos, sem gastar muito com compras de novos veículos, e sim aproveitando para tunar e explorar carros que você vai ganhando como premiação de campeonatos, corridas. Você também ganha por completar novas licenças de direção. O jogo também tem sua própria autoescola, que são desafios de tempo para aprender e aprimorar suas habilidades de direção. A cada 10 desafios, você consegue uma licença que te permite comprar carros mais velozes e competir em torneios. Apesar de tudo isso, o foco do jogo é claro, passar horas e horas olhando as estatísticas individuais de cada carro, o que cada peça nova comprada na oficina muda no seu carro e como deixá-lo da melhor maneira possível para o seu gosto. Assim como as licenças, a oficina de tuning tem níveis de customização que variam com o tipo de desempenho que você busca. Conforme você avança no jogo, é possível desbloquear peças melhores e consequentemente mais caras.
Jogabilidade e desempenho
O jogo em si tem conteúdo para centenas de horas de gameplay, se você tiver interesse em explorar cada carro, configurações e ter na sua coleção todos os carros do jogo. Mas ainda assim, é um simulador de direção, então se a jogabilidade fosse ruim, nada disso valeria a pena. Para a sorte dos fãs da franquia, nisso os devs não falharam. Apesar de alguns detalhes que cortam a imersão completamente — como a falta de dano nos carros, o feeling e feedback no controle —, esta é uma experiência muito única, ainda mais somado aos gráficos impressionantes, sendo de fato o melhor gameplay de simulador de corrida que já tive em contato. Outro ponto que vale mencionar é como as estatísticas e peças individuais fazem toda a diferença. Trocar peças, pneus ou fazer um simples upgrade de uma corrida para outra normalmente tem um impacto notável no sentimento de controle do seu carro e faz com que você sinta que está realmente progredindo. Falando de desempenho, os gráficos são extremamente fiéis e, mesmo na versão para PS4, eu tive quase nenhum stutter ou queda de frames notável. O grande problema da versão de antiga geração são as telas de carregamento, que, para um jogador de PC, são notavelmente lentas. Ainda assim, circuitos noturnos, com chuva e todo o cenário ao redor das pistas, são de qualidade e fogem daquele clássico grupo de torcedores pixelados. Mesmo com um core gameplay forte e desempenho bom, o jogo peca na narrativa. Além de amar carros, o jogo não oferece muito mais. Os NPCs que acompanham você durante a gameplay aparecem apenas em fotos que parecem de banco de imagens da internet e os diálogos são por texto. Isso fica realmente cansativo depois de, pelo menos, umas 10 horas de gameplay. Outro ponto que peca forte para mim é a trilha sonora. A escolha de uma soundtrack que mistura uma espécie de lounge — ou a famosa “música de elevador” — com toques de eletrônica passa a ideia de elegância que o jogo oferece, mas se torna igualmente cansativo depois de certo tempo. Isso é algo estranho de se observar, visto que a trilha sonora sempre foi uma das principais referências de Gran Turismo.
Vale a pena jogar Gran Turismo 7?
Se você é apaixonado por carros, não tem erro. O jogo é de fato uma carta aberta de amor, então é isso que você vai encontrar: detalhes que só pessoas apaixonadas se preocupariam. Isso é o maior ponto positivo do jogo, porém, não é o que vai atrair novos jogadores. A falta de uma narrativa que acompanhe a jogatina ou até uma interface mais fluida, com a possibilidade de correr mais do que explorar os menus, seria algo que beneficiaria muito mais a experiência. Além disso, a experiência multijogador ainda não oferece muito e não chama a atenção, além de ainda trazer um ponto de preocupação: o jogo contém as terríveis microtransações. Carros e upgrades são muito caros e você demora consideravelmente para acumular créditos. Porém, é possível comprar créditos com dinheiro real, o que pode ser perigoso em um cenário de pay to win. Ainda assim, vale considerar que sua experiência vai variar de acordo com seu estilo de jogo. Gran Turismo 7 é um exclusivo da Sony para PS4 e PS5 e está disponível para compra em dois preços. Fique atento na loja virtual do seu console, pois a versão de PS4 está custando R$ 299,00, enquanto a de PS5 (com retrocompatibilidade ao PS4) está saindo por R$ 349,90.
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