A nova aposta da empresa no mercado premium traz o Android 12 de fábrica e é o primeiro smartphone do mundo a ser equipado com o novo chip da Qualcomm, o Snapdragon 8 Gen 1 — embora a linha Galaxy S22, da Samsung, tenha chegado primeiro com este processador ao mercado brasileiro. A experiência de testar esse aparelho foi maravilhosa para mim, visto que fui um dos adeptos do “movimento Moto G1” nos seus dias de glória, então poder voltar a mexer num modelo da Motorola após anos e ver a evolução em tantos aspectos foi algo muito bom.
Design
O Motorola Edge 30 Pro é construído em vidro na frente (Gorilla Glass 3) e atrás (Gorilla Glass 5), embora não pareça ser vidro na traseira — que apresenta seu conjunto triplo de câmeras sem ter um grande ressalto. Além disso, ele já veio de fábrica com uma capinha, o que é ótimo. Na lateral direita, temos os botões de volume e de energia — que serve também como leitor biométrico. Sobre esse leitor, não tive problemas para cadastrar meus dedos, mas no dia a dia, achei o seu uso esquisito. Não sei se é por ficar numa região muito alta do aparelho, mas não me agradou. Na parte inferior, temos a entrada USB-C, saída de som e a gaveta de chips que infelizmente não traz mais suporte a cartões de memória. Tanto na parte superior quanto inferior, temos microfones, e a lateral esquerda não apresenta nenhum recurso. Em questão de proteção, o Edge 30 Pro apresenta certificação IP52, que confere proteção contra poeira e respingos d’água. Apesar do nome Edge (de borda), o novo modelo é chapado, seguindo a tendência atual e até mesmo do modelo anterior (Edge 20 Pro). Apesar de gostar do design atual, admito que o primeiro Edge se destacava bem mais nesse aspecto por de fato ter uma borda. O Edge 30 Pro chega ao Brasil nas cores azul e branco, e o modelo que recebi pra testar foi o azul. Fugindo da tendência atual dos flagships sem nada na caixa, o modelo traz não só fones de ouvido, como um carregador Turbo Power de 68W e uma capinha de proteção.
Tela
Nos últimos meses, pude passear por alguns modelos de smartphone e testar algumas telas, e o Motorola Edge 30 Pro é uma das melhores que tive o prazer de testar. Ela é muito fluida, graças à sua taxa de atualização de 144Hz. Com tamanho de 6,7 polegadas, a tela OLED suporta HDR10+ e vai entregar tudo o que você precisa em games, filmes e séries, com um contraste excelente e cores bem vivas. Além disso, por ser OLED, ao usar o modo de tela inteligente (Always on Display) não vai ter aquele preto acinzentado. A resolução aqui é Full HD+ (1080×2400) e tem por volta de 393ppi de densidade de pixels. Na hora de colocar essa tela pra brincar, só tive elogios. Vídeos no YouTube ficaram excelentes, assistir a filmes ganharam um tchan e na hora dos games, os 144Hz fazem toda a diferença. Por falar em games e taxa de atualização, o flagship da Motorola tem uma taxa de amostragem de toque de 360Hz e baixa latência, o que ajuda bastante nos games competitivos. Em suma, temos uma tela de respeito e provavelmente vai agradar todo mundo, inclusive os gamers.
Bateria
O Motorola Edge 30 Pro vem com 4800mAh de bateria, um tamanho excelente para um smartphone da sua categoria e posso afirmar que se tivesse até um pouquinho mais, seria de bom tamanho. No meu uso diário com redes sociais, YouTube, Spotify e testes da câmera, ele aguentou cerca de 1 dia inteiro sobrando ainda uns 10%. É um desempenho muito bom, visto que o utilizei com frequência nos testes, praticamente sem dar um descanso pro aparelho. Nos gráficos do próprio smartphone, ele teve um desempenho de cerca de 5 a 6 horas de tela ligada, o que também é muito bom e vai permitir que você, que gosta de jogar, não tenha grandes problemas. É bom que a otimização da bateria esteja em dia, entretanto o grande destaque do aparelho fica com o seu carregador Turbo Power de 68W que — pasmem — vem na caixa. Com esse carregador, o Edge 30 Pro foi de 15% a 100% de bateria em cerca de 40 minutos. Atente ao detalhe que ele chegou aos 50% em apenas 15 minutos. Essa carga rápida é excelente em todos os sentidos, mas é muito apreciada quando está com pouca bateria e pouco tempo para recarregá-la. Com o tempo que você vai tomar um banho e se arrumar, ele já vai ter carga suficiente para boas horas de uso.
Desempenho
O Motorola Edge 30 Pro é o primeiro smartphone do mundo a ser equipado com o Snapdragon 8 Gen 1 da Qualcomm, e isso resulta em um desempenho muito interessante. Para ajudar nessa tarefa, ele vem com 12GB de memória RAM e 256GB de armazenamento, mais do que o suficiente para você aproveitar de tudo um pouco. No uso diário em redes sociais ou apenas “fuçando” em todas as suas funções, o aparelho teve uma fluidez excelente, seja na hora de abrir os apps ou fechá-los, ou então na rolagem da timeline que fica excelente graças aos 144Hz. Já no uso mais puxado, como em jogos, pude testar os títulos Free Fire MAX, Asphalt 9, Sky: Filhos da Luz e Genshim Impact. Em todos eles, consegui colocar no máximo dos gráficos e também da taxa de quadros permitida por cada um deles. Em questão de desempenho, tudo fluiu muito bem, mas tive outro problema: o Edge 30 Pro esquentou bastante. A parte traseira aquece, mas não atrapalha. Já a parte frontal, principalmente no Genshin Impact, chegou a ficar ardido de jogar em determinado ponto. É legal ver que mesmo nessas situações manteve-se o bom desempenho, mas isso não significa que não deva ser resolvido. É algo bem incômodo e tomara que a Motorola e Qualcomm consigam dar um jeito de otimizar melhor o smartphone. Já em serviços de streaming, YouTube ou na multitarefa, o smartphone não apresentou nenhum problema e entregou uma das experiências mais legais dos últimos tempos, sem engasgos, fácil uso e boa compatibilidade com quase tudo. Para testes de benchmark, utilizei o 3DMark com o Wild Life para mostrar toda a sua potência. No teste mais simples, o benchmark avalia por 1 minuto tudo o que o smartphone tem a oferecer. Confira os resultados abaixo:
Sistema e interface
Felizmente a Motorola já enviou o seu novo flagship com o Android 12 de fábrica. Como de praxe, ele não tem muitas mudanças em relação ao que o Google oferece no núcleo do Android e utiliza o sistema My UX, da própria Motorola. Sempre gostei bastante da ideia do “Android puro”, mas o Android 12 é uma mistura de sentimentos nessa questão. Tem melhorias interessantes no que diz respeito a privacidade, melhorando a transparência, mas me deixou um pouco confuso com sua nova barra de tarefas. Além disso, recursos interessantes como poder escolher abaixar o volume apenas de um app específico ao invés de tudo de uma vez se mostraram um tanto quanto bugados. Funcionam na hora, mas mesmo após fechados, continuam a aparecer no pop-up de volume. Uma coisa muito boa dos smartphones Motorola e que felizmente continuam aqui são as funções Moto. São gestos para a câmera, flash, para colocar no modo Não Perturbe e outros que mataram minha saudade do sistema da Motorola. De tudo isso, entretanto, o que mais me agrada é o “Moto Tela”, popularmente conhecido em outras marcas como “Always on Display”. Por padrão, o recurso vem ativado cheio de “luzes”, mas configurei para ser o mais simples possível, enfatizando o uso da tela OLED e é simplesmente perfeito.
Câmera
Para não perder o hábito, chegou o momento da polêmica. Apesar de muitas câmeras, a Motorola parece nunca atingir seu ápice nesse quesito. Nesse modelo consegui bons resultados, mas tive algumas decepções. Isso porque a Motorola decidiu não colocar mais uma câmera teleobjetiva e no lugar dela, apenas um sensor de profundidade de 2MP. Na prática, isso deixa a câmera traseira um pouco “capada”. Temos um conjunto triplo por aqui, sendo eles uma câmera principal de 50MP e outro Híbrido Ultra Wide e Macro, também com 50MP. Esse kit consegue entregar boas fotos em condições ideais (boa iluminação) mas, em locais mais escuros, espere um nível de granulação um pouco chato. O modo noturno não ajuda muito, então recomendo nem usar, na maioria dos casos. Uma coisa que notei é que as câmeras diferem entre si no que diz respeito às cores. Em uma, temos cores mais vivas, em outra, cores mais azuladas. Confira: Teste 1 (Principal na esquerda e Ultrawide na direita): Teste 2 (Principal na esquerda e Macro na direita): Por mais que a função Macro seja legal, ter um zoom de 3x ou 5x sem perder qualidade é algo muito mais interessante, não acha? E bom, não faz sentido tirar nenhuma dessas funções nesse modelo, sendo que na versão passada tínhamos as duas. Particularmente não gostei dos tons mais lavados da câmera ultra wide. Para mim, deixar essas fotos com esse “filtro de Zack Snyder” não ajuda muito na hora de fazer aquela foto panorâmica de uma bela paisagem ou pôr, ou nascer do sol, por exemplo.
Câmera de Selfie
Se na parte traseira fiquei decepcionado, não posso dizer o mesmo da câmera de selfie. A Motorola colocou um sensor wide de 60MP e abertura de f/2.2. Com essa câmera, consegui fazer boas selfies com alto nível de detalhes, além de uma coloração que me agradou bastante. Na parte de funcionalidades, temos o efeito bokeh (o famoso fundo desfocado) feito totalmente por software e com ótimo desempenho, reforçando a minha ideia de que não precisava de uma lente para isso na câmera traseira. Dentre outras coisas, temos uma função de escolher o foco para uma cor no cenário e o resto fica em preto e branco, dando um contraste bem legal. Apesar de muito interessante, no entanto, ela faz o recorte perfeito apenas quando quer. Por fim, nas gravações temos opções até o 4K30 nas selfies e até 8K24 na traseira. É estranho não ter as funções de 4K60 mesmo com tanta potência, então é possível que ela seja disponibilizada em futuras atualizações.
Áudio e Ready For
O novo flagship da Motorola felizmente traz dois alto-falantes estéreo, o que novamente me lembra os bons tempos da linha Moto X e Moto G2. O som é agradável e é bom que tenham investido novamente nesse recurso. No entanto, tenho uma pequena reclamação em relação ao alto-falante superior. Quando estamos jogando, naturalmente vamos tampar a saída de som inferior e é aí que o som estéreo deveria brilhar. O que acontece aqui, infelizmente, é que o áudio da parte superior é bem fraquinho, fazendo com que não mude muita coisa quando você não tem a saída de som inferior ao seu dispor. Novamente, é bom que a Motorola esteja investindo nessa parte e espero que melhorem nas próximas versões. Em suma, temos um som agradável, com Dolby Atmos, mas que peca por ter um lado bem abaixo do nível do outro. Lançado nos modelos Edge 20 ano passado, temos a volta do sistema Ready For, o modo desktop da Motorola. Na nossa análise do Edge 20 Pro você consegue ver todos os detalhes da plataforma, mas eu também pude testar algumas funções do Ready For. A plataforma é interessante e funciona com ou sem fio. Testei o modo sem fio algumas vezes e bom, tive alguns problemas de delay, mas o visual é interessante e atrativo. O meu único problema com essas funções é que elas são bem limitadas no que diz respeito a conectividade. Para conectar a um monitor você precisa de um cabo USB-C, mas daí entramos num problema onde ou o monitor não tem entrada USB-C ou você não tem um adaptador HDMI/USB-C para o smartphone. E no modo sem fio, o Ready For não consegue encontrar o Chromecast ou Fire Stick, por exemplo, o que seria muito bom.
Conclusão e disponibilidade
O Motorola Edge 30 Pro traz uma evolução natural da linha Edge, mas joga muito no seguro, na minha opinião. Ele aprimora o que já imaginávamos, como processador, memória RAM e armazenamento, mas tem escolhas bastante duvidosas em suas lentes traseiras e por não oferecer uma proteção IP68, por exemplo. Dito isso, é um ótimo smartphone, mas dependendo do que você estiver buscando, você vai sempre sentir que falta alguma coisa. Sinto que a Motorola está quase lá, mas está faltando talvez um pouco de ousadia. O Motorola Edge 30 Pro já está disponível nos principais varejos do país pelo valor sugerido de R$6.499. Na Magazine Luiza ele pode ser encontrado por 6.044,07 a vista ou em até 10x de 649,90. E se você comprar o aparelho até 31/03, pode resgatar o brinde de um fone de ouvido Moto Buds 100 e um carregador sem fio Motorola, através da Promoção Compre e Ganhe.