Porém, a empresa fundada por Bill Gates tem uma carta na manga que a distancia da concorrente. Eles entregam a verdadeira retrocompatibilidade com consoles anteriores e têm um plano de assinatura que garante uma centena de jogos desde o primeiro dia que o Xbox estiver com você. Parece bom demais para ser verdade, porém, após uma dezena de horas jogando o Xbox Series X afirmo: o novo videogame é a aposta certa da nova geração. Neste review, relato os testes de performance e ainda os pontos fortes (e fracos) da poderosa máquina que chegará às lojas no dia 10 deste mês.
Design e destaques
Console
Mesmo com as dimensões simétricas de um paralelepípedo (15.1 x 15.1 x 30.1 cm), o Xbox Series X é incrivelmente compacto se pensarmos no que ele carrega em seu interior: a CPU Zen 2 8X Cores a 3,8 GHz, 16 GB de RAM compartilhada, uma GPU RDNA 2 da AMD de 12 teraflops e o armazenamento SSD de 1TB. Em suas conexões, temos 3 portas USB 3.1, uma HDMI 2.1 e entrada ethernet. O robusto console tem uma base que quase obriga-o a ficar de pé, pois não é removível. “Quase” porque na lateral direita vemos quatro borrachas de apoio, uma opção dada pela Microsoft se o Xbox Series X só couber de lado no seu rack. Outro sinal de que ele deve ser deixado na vertical é o logo característico, que acende quando o console está ligado. Diferente da geração anterior, quando o Xbox One foi vendido como uma “central de entretenimento”, o Series X reforça que veio com a proposta de ser um potente console de videogame. Claro, ele ainda roda vídeos em 8K e tem leitor de Blu Ray, porém, abandona entrada de sinal HDMI e saída óptica de áudio. A depender de onde for conectado, ainda suporta sistemas Dolby Digital/Atmos ou DTS 5.1 e até 7.1 (L-PCM). A única opção, por enquanto, é adquiri-lo na cor preta, fosca. A peça não passará despercebida em nenhum setup, lembrando muito um gabinete de computador – por dentro e por fora – cortado pela metade. O visual (gatilho para tripofóbicos) cheio de furos não é somente pelo estilo, pois basta ligar o Xbox Series X e ver como a exaustão de ar realmente funciona. No topo, há o cooler que serve como saída de ar da base/traseira do console. Após uma jogatina de 4 horas entre os testes deste review, deixei as mãos próximas do grid e afirmo com tranquilidade: ele esquenta, mas não o suficiente para preocupar a longo prazo. Uma surpresa foi o silêncio da potente “caixa preta”, mesmo com meia dúzia de jogos e aplicativos abertos (em segundo plano). É preciso chegar perto e se concentrar para ouvir o mínimo de barulho. Comparado a videogames anteriores e a notebooks, ele pode ser considerado bastante quieto. Falando sobre memória, do total de 1TB de armazenamento, temos 802GB reservados para download de games após a instalação dos arquivos do sistema. Você ainda consegue 1TB adicional com o armazenamento externo exclusivo da Seagate (slot especial na parte traseira), vendido à parte, sem prejudicar a rapidez do SSD do console. Opcionalmente, pode-se acoplar um HD externo e utilizar como em outros consoles, para armazenamento de mídia e arquivos diversos – exceto games. No ano onde muitos lançamentos AAA não-exclusivos ocupam no mínimo 100GB da máquina (a tendência, claro, é aumentar com a nova geração), talvez a única saída para quem busca uma biblioteca vasta é um destes adicionais.
Controle
O controle foi um dos pontos onde a Microsoft decidiu manter-se conectada ao passado – pois é, não precisam mudar algo que deu certo há duas gerações. A textura fosca predomina e a superfície áspera ajuda no grip, em toda parte: gatilhos, analógicos e na traseira. Ou seja, em todos os lugares que estão sempre em contato com o jogador, um ponto positivo por parte do design prático. Há cliques prazerosos, em especial com o pad direcional (as “setinhas”). Por sinal, o desenho e o aspecto tátil das oito direções lembram muito dos controles Pro, como o próprio do Xbox. A nível de comparação entre o mundo dos gadgets, é como se passássemos dos populares switches profundos de um teclado mecânico para os switches clicáveis, mais leves e responsivos. Sobre outros botões, temos o novo botão de “compartilhar” no centro do controle, que permite salvar capturas de tela, de vídeos ou abrir a galeria. Dentro das configurações do Series X você pode remapear cada um e editar as opções dos atalhos de compartilhamento também. Os tradicionais A-B-X-Y estão idênticos ao que era uma década atrás, coloridos e refletivos.
Interface
Muito da agilidade do Xbox Series X pode ser compreendido somente ao olharmos a interface. Quem está habituado ao Xbox One vai se sentir em casa, pois são pouquíssimas diferenças, exceto por estar mais fluída e animada. Temos um menu lateral pop-up, menu inicial customizável, e acesso fácil aos apps, jogos e à loja. Por outro lado, quem não é fã da navegação vai precisar de um tempo até se acostumar, pois a unificação da Microsoft também aconteceu no aplicativo pra celulares. Ou seja, não tem como escapar. Dentro da biblioteca, a aba de downloads é bem prática para quem gosta de colocar uma série de jogos para baixar durante muito tempo. No menu rápido (pop-up) que ocupa uma parcela da tela, ao selecionar um jogo você tem acesso à fila inteira e pode priorizar um app/game a outro. Independente do menu, é questão de prática até compreender atalhos rápidos do controle, entender a qual menu você irá retroceder e notar que provavelmente há uma forma mais simples de ir até o item que você quer. Um problema notado por mim é que algumas vezes a estimativa de tempo para o download demora a aparecer, sem indicar que está “calculando” nem nada do tipo. Enquanto isso, logo no menu já pode-se observar a estimativa de porcentagem para iniciar o título. Com The Outer Worlds e The Witcher 3, foi perto dos 25-30%, o que já deixou horas de jogatina disponíveis enquanto os games baixam ao fundo. Uma função nova da geração, o Quick Resume (ou Resumo Rápido) permite trocar de aplicativos em pouquíssimo tempo. Na maioria dos casos, são entre 5 e 8 segundos para ir de um jogo ao outro, deixando um deles em suspensão para retomar quando quiser (contanto que ele suporte isso, como acontece com a grande maioria dos títulos populares até agora). A depender da exigência da performance, pude abrir 5 aplicativos (um app e 4 jogos) e fazer a troca instantaneamente entre todos. O que de fato me surpreendeu foi ver que o Resumo Rápido funcionou inclusive ao desconectar o Xbox Series X da tomada, para fazer as fotos acima, e reinstalei-o no rack. Então o armazenamento do progresso in-game acontece até em um cenário de queda de energia repentina: o jogo (em teoria) estaria intacto e pronto para você continuar de onde parou.
Jogos e performance
No evento do Xbox em julho deste ano, meses antes do lançamento do Xbox Series X, soube-se que os jogos da geração anterior seriam retrocompatíveis e inclusos no Game Pass, o serviço de assinatura com biblioteca de uma centena de games que comento abaixo. Melhor ainda, há jogos de uma década atrás, com outros modelos do Xbox. Logo, o acervo pessoal de quem é dono de um Xbox hoje está garantido com o Series X. Como indica a Microsoft, vários jogos da geração One terão performance melhorada com o Series X, mas estes não estavam com as devidas atualizações no teste que fizemos (em sua maioria). De qualquer forma, ainda é uma ótima forma de “espiar” o que as desenvolvedoras prometem. Nos testes, pude conferir diversos jogos do Game Pass e mais alguns títulos novíssimos. As imagens de ilustração são todas capturas de tela in-game ou no “modo foto” dos que suportam a função.
Testados pré-lançamento do console
Lançado há pouco mais de um ano, Gears 5 é integrante de uma das maiores franquias do Xbox, Gears of War. O jogo de tiro em terceira pessoa foi otimizado (e testável) no Xbox Series X. Sinônimo de ação, ele roda inclusive a 120 fps em TVs compatíveis, uma grande ajuda tratando do multiplayer online. Na campanha, ficamos com a já esperada rapidez de loading e visuais de tirar o fôlego. Outro otimizado também com os testes foi Ori and the Will of the Wisps, game de plataforma com visual artístico e fantasioso. Quem acompanhou o lançamento no começo de 2020 notou que houve enorme inconsistência de performance nas duas versões (console e PC). Fico feliz em afirmar que dentre as primeiras horas de gameplay, isso foi eliminado ao rodá-lo no Series X. No jogo de tiro em primeira pessoa Doom Eternal senti um leve contraste do 4K/60 frames se comparado aos máximos 1800p/60 frames (ou Quad HD+) da geração anterior. A estabilidade, sem esforços, da máquina em manter atualização e resolução altíssimas em um game ágil deste escalão, resulta em uma experiência imersiva de Doom. Podemos somar isso ao carregamento dos níveis durar apenas 5 segundos, enquanto o checkpoint pós-morte é virtualmente instantâneo – há somente a animação de ida e volta para o menu, mas a barra de carregar entra já em cena com 100%. Em toda a sua glória, Doom Eternal no Series X virou uma brutal e excelente pedida, especialmente para quem jogou o sucessor e o próprio Eternal em outro console. Com o Forza Motorsport 7 vemos a refinada atenção às vibrações do controle. Pistas asfaltadas, colisões e troca de marcha: tudo é traduzido com a sensação dos sortudos que têm o controle ergonômico em mãos. Áudio e visual estão empatados no pódio, pois reflexos da pista e efeitos de iluminação estão com contraste e cores extremamente realistas. Enquanto isso, a versão “de rua” da franquia, Forza Horizon 4, esbanja seus gráficos otimizados nos cenários de extrema diferença climática. Ele foi otimizado desde os testes, então estará ainda melhor com o lançamento do Xbox Series X. Cheio de neve e lama, as mínimas partículas arremessadas em direção à câmera te transportam para as pistas como nunca. Outro esportivo, eFootbal PES 2020, que foi lançado ano passado, trouxe o desempenho esperado dentro dos campos de futebol. Mesmo com o largo intervalo de tempo entre a estreia dele e do console testado, os gráficos e animações ligeiras fazem toda a diferença no Series X para quem curte o esporte. Sea of Thieves, game bem-quisto somente meses após atualizações, é outro título otimizado no Xbox Series X. Na dezena de horas bem aproveitadas do console, foi o único jogo que pude conferir a fluidez também em modo online com outros jogadores. O objetivo do game é explorar os mares com companheiros piratas, em águas desconhecidas repletas de criaturas a enfrentar. Até com texturas cartunizadas, sol e mar realistas conquistam quem vê. Agora, no caso do Mortal Kombat XL, o jogo com a menor qualidade gráfica dentre os que testei, percebi o “novo alto padrão” da geração atual. Foi como pegar um jogo (com captura de movimentos) de 2015 e compará-lo a um (poligonal) de 2005. No geral, foi uma boa experiência de jogo, que com certeza deu seu melhor no Series X.
Quick Resume
A troca entre um jogo e outro demorou uma média de 10 segundos, entre o botão do Xbox ser pressionado, um título selecionado da lista rápida e ele estar completamente jogável. Fiz isso com Forza e Mortal Kombat: de um para o outro (em ambas as vias), o Quick Resume em si demorou entre 6 e 8 segundos neste poderoso console – entre o meio da corrida e uma luta. Logo, mesmo que você seja lento na troca entre apps abertos e demore muito tempo para escolher o jogo que interessa, saiba que ele estará controlável em menos de 10 segundos. O único problema do Quick Resume foi com Doom Eternal, quando surgiu um erro em tela e o jogo decidiu não funcionar, sendo preciso reiniciá-lo. No restante, tudo correu bem, inclusive com uma rapidez que surpreendeu. Um aviso importante: o período de testes antecede a real experiência do console no dia de lançamento, então é bem provável que “engasgos” como esse sejam resolvidos ainda dentro desta semana.
Game Pass, o ponto mais forte da geração
Já pensou em aproveitar o primeiro mês do Xbox Series X com um catálogo de mais de 100 jogos ao preço de um real? É isso que o Game Pass Ultimate proporciona, plano de assinatura custo-benefício citado anteriormente aqui no review. A única “pegadinha” está no fato de mensalidade subir para R$44,99 em seu segundo mês. Isso chega perto da assinatura de serviços de streaming, como o modelo premium da Netflix, por exemplo – aquele que proporciona conteúdo 4K. No plano Ultimate, há acesso a jogos de console e também no PC, bem como certos descontos, itens adicionais grátis em certos jogos, títulos do Xbox Game Studio (grupo dos estúdios que fazem os exclusivos) disponíveis desde o lançamento e a assinatura para jogar online, o Xbox Live Gold. Quem só quiser jogos de console, pode optar pelo plano econômico respectivo (por R$29,99) e ter quase os mesmos benefícios, exceto pelo Gold e certas ofertas. Em específico, se calcularmos o custo anual, o investimento é vantajoso para quem quiser o Series X. Enquanto com a compra de jogos individuais, você conseguiria no máximo dois jogos em um período de um ano, com o Game Pass você adquire centenas de games pelo mesmo valor. Além disso, no dia 10 de novembro haverá a inclusão do EA Play no pacote, a assinatura da desenvolvedora Electronic Arts que adicionará 89 jogos à biblioteca. Não há ponto negativo, nem questionamentos. De maneira racional, um jogador parte para um investimento infinitamente econômico ao apostar no catálogo renovável do Game Pass. Jogos otimizados, uma excelente biblioteca desde o dia de aquisição do Series X e tudo isso com uma assinatura mensal por menos de R$50.
Xbox Series X ou Xbox Series S?
Aqui no Showmetech te contamos as principais diferenças entre ambos os consoles, que chegam às lojas no mesmo dia (10 de novembro). Porém, para recapitular: o Series S é feito para quem quer entrada na nova geração de forma econômica com CPU digna, não exige jogos em 4K e focará somente em jogos digitais. O Series X é para quem tem uma TV intermediária/premium, para quem curte mídias físicas ou para quem só quer uma máquina mais potente com investimento para durar mais tempo – com folga. Por sinal, o Series S pode ser uma ótima opção para quem simplesmente quer dar um upgrade mais econômico, pois ele está R$1.800 mais barato que o Series X com equivalente sacrifício de memória de armazenamento, resolução e fps.
Conclusão
O Xbox Series X é uma máquina que ditará a geração de games e, por consequência, é a porta de entrada para a década de jogos que virá. Enquanto o salto do modelo anterior para este não é tão grande em termos gráficos (texturas e animações, em geral), é na performance que vemos a evolução. Rapidez de loading, vários games abertos simultaneamente, capacidade de vídeos em 8K e jogos de até 120 frames por segundo são somente uma parcela do que compõe a experiência de jogar um Xbox. Sendo, em particular, um jogador de consoles que cresceu com PlayStation (PS2, PS3, PS4 e portáteis), desde que vi os lançamentos em julho deste ano com o Game Pass fui conquistado pelo Xbox. Nunca vi games sob a ótica de “clubismo”, mas a realidade divisora de águas precisa ser reconhecida nesta nova transição de gerações. Com relevância maior em jogos exclusivos, a briga entre gigantes ainda é complexa, mas por questão de relação custo-benefício, a nova geração verdadeiramente retrocompatível da Microsoft é um ponto insuperável por qualquer concorrente até então. Ter em mãos um novíssimo console – com a opção de optar por um modelo mais em conta! – junto de uma biblioteca enorme e rotativa de jogos com certeza é um pilar ao falarmos sobre os novos Xbox. Afinal, isso precisa ser priorizado quando colocamos investimento a longo prazo na balança. E essa é uma garantia do Xbox Series X, a aposta certa dentre os novos consoles. E aí, qual console da nova geração será o seu? Conte para nós nos comentários.