Revista Veja. Edição nº 2162, de 28 de abril de 2010. Distribuição nacional. Uma propaganda em duas páginas (p. 74 e p. 75) chama a atenção por uma oferta imperdível:
Ou seja: você vai pagar o preço normal do plano e ainda leva um iPhone 3GS 16GB. Uma bela configuração, não acham? Eu também achei. E como há um tempo venho ensaiando a aquisição de um aparelho com teclado (físico ou pela tela touchscreen), liguei imediatamente para a TIM. Afinal, já sou cliente, e a propaganda não cita enhuma restrição. Informo ao atendente que tenho interesse no pacote oferecido na propaganda, e ele me encaminha pro setor de retenção/vendas/alguma coisa assim. Então começa o atendimento. Vou destacar as partes interessantes: – Eu tenho interesse no iPhone da promoção da Veja, com o plano TIM Liberty. – Senhor, este plano só está disponível para novas aquisições. (Clique na imagem pra ler as famosas letras miúdas. Não transcrevi, pra provar que não to mentindo) Acho que ninguém leu nas letras miúdas, ou em qualquer outra parte da reportagem, que a promoção vale apenas para novas aquisições. Certo? – Então, não está escrito na propaganda que serve apenas para novas aquisições. – Pois é senhor, mas é apenas para novas aquisições. – Então quer dizer que o cliente TIM não tem direito, mas qualquer pessoa, vindo de qualquer outra operadora, pode? (lembrando: sou cliente TIM, com o mesmo número, desde que prefixo de telefone celular tinha só 3 dígitos) – É. – Então se eu quiser esse iPhone nesta promoção, eu deveria adquirir uma nova linha e ficar com a minha atual, talvez a alterando para pré-pago? – Se esta for a sua opção, sim. … – Temos também outras opções de aparelho, com descontos baseados no seu perfil de usuário. Temos o aparelho (insira algum nome de aparelho que seja um de smartphone wannabe), com as seguintes características: wi-fi, memória interna de 4 GB expansível para 16 com cartão de memória, camera de 5 Megapixel, zzzZZZzzzzZZZ (dormi nessa hora). – OK, e qual sistema operacional o aparelho usa? – (grilos começaram a surgir do outro lado da linha) – Eu quero saber qual sistema operacional esse aparelho roda – Senhor, essas características que lhe falei são as do aparelho (Ele poderia até ter uma arma a laser, eu queria saber sobre o SO) …. – Veja, senhor. Se o senhor quiser, o senhor pode ativar a Oferta Superdesconto Tim Pós, em que o valor mensal reduz para R$ 39,90 (inferindo que eu sou burro e não li esta opção do anúncio), e com a diferença no valor da conta, o senhor pode adquirir o aparelho que o senhor quiser no varejo (!). – Mas eu não quero comprar no varejo! Eu quero da TIM, e se você pode me oferecer essa oferta, QUE FAZ PARTE DA MESMA PROPAGANDA, por que não pode me oferecer a outra? – Porque é apenas para novas aquisições (acho que se ele tivesse falado “Porque Deus quis” eu teria respeitado a vontade divina). E não consegui nada. O que tiro desta história é que a TIM logra seus clientes, oferecendo o aparelho como isca para novos clientes, e se esquecendo da sua farta base. Talvez ela ainda não tenha em mente que o grande trunfo das operadoras mais antigas, que é justamente a exclusividade dos números de suas linhas, caiu por terra com a portabilidade. Agora o cliente que tinha receio de trocar de operadora, porque tem um numero muito antigo, conhecido por muitas pessoas, não existe mais. E nesta batalha, a operadora que oferecer, além dos melhores preços e condições, mais respeito pelo cliente, será a mais bem sucedida. E afirmo: vou procurar outra operadora. Que me ofereça algo melhor. Que mesmo que não tenha promoções de encher os olhos, não me engane, não me faça passar por bobo ou pedinte falando com um teleatendente ignorante que não consegue enxergar além do seu roteiro, que não sabe vender seus aparelhos sem oferecer nehuma outra informação além daquela que eu mesmo posso ler no site do fabricante. Que não me deixe com raiva quando viajo para lugares extremamente povoados, em que todas as outras operadoras oferecem sinal 3G, e só ela (sim, a TIM) oferece uma péssima conexão EDGE pro meu modem. Não adianta ser sem bloqueio, sem multa e sem “aspas” se também for sem respeito.