“Já se passaram três décadas desde a última vez que vimos esses anéis fracos e empoeirados, e esta é a primeira vez que os vemos no infravermelho”, observa o cientista Heidi Hammel. O gigante de gelo é o oitavo planeta mais distante do Sol no nosso sistema solar e teve suas principais características observadas com uma perspectiva totalmente nova. Nas novas imagens, é possível ver além dos anéis, algumas faixas de poeira mais fracas. Os registros foram obtidos por meio da Near-Infrared Camera (NIRCam), que possui três filtros infravermelhos. O James Webb também capturou sete das 14 luas conhecidas de Netuno. Na imagem, um ponto de luz brilhante se destaca ao lado do planeta. Trata-se de Tritão, a lua do gigante de gelo (veja abaixo).
Características de Netuno
Netuno é o único planeta do nosso sistema solar que não é visível a olho nu. Ele foi descoberto em 1846 e, desde então, tem fascinado os pesquisadores. Ele é 30 vezes mais distante do Sol do que a Terra e orbita em uma das áreas mais escuras do Sistema Solar. Ele é também classificado como um gigante de gelo devido à composição química de seu interior. Se formos comparar com outros planetas, como Júpiter e Saturno, por exemplo, Netuno é muito mais rico em elementos mais pesados que o hidrogênio e o hélio. Tal caracterísitca pode ser notada nas imagens divulgadas, através da aparência azul de Netuno em comprimentos de onda visíveis, causadas por pequenas quantidades de metano gasoso. O planeja também possui um campo magnético forte, além de possuir um sistema de anéis, sendo uns mais finos que outros, detalhes que o torna um dos planetas mais admirados por cientistas e observadores.
Registros também de Marte
No início da semana, a NASA também divulgou outras imagens capturadas pelo seu super telescópio. Tratam-se dos primeiros registros de Marte feitos pelo James Webb. Capturadas no dia 5 de setembro, elas retratam uma região do hemisfério oriental do planeta vermelho. De acordo com a agência espacial dos Estados Unidos, essa é uma “perspectiva única” de Marte, que complementa imagens e informações que haviam sido coletadas anteriormente. As novas revelações mostram o hemisfério oriental de Marte em diferentes comprimentos de onda de luz infravermelha. À esquerda está um mapa de referência do hemisfério capturado pela missão Mars Global Surveyor, que terminou em 2006. A imagem localizada no canto superior direito mostra a luz solar refletida na superfície marciana, mostrando características do planeta, como a Cratera Huygens, rocha vulcânica escura e a Hellas Planitia, uma enorme cratera de impacto no planeta vermelho que se estende por mais de 2.000 quilômetros. É possível ver também, na imagem inferior direita, a emissão térmica de Marte, ou a luz emitida pelo planeta à medida que perde calor. As áreas mais claras indicam os pontos mais quentes. Além disso, os astrônomos detectaram outra coisa na imagem de emissão térmica. Quando essa luz térmica passa pela atmosfera marciana, parte dela é absorvida por moléculas de dióxido de carbono. Este fenômeno fez com que a Hellas Planitia parecesse mais escura. A Nasa acredita que estas observações serão muito valiosas para pesquisas futuras a respeito “das diferenças regionais em todo o planeta e da procura de traço de gases na atmosfera, incluindo metano e cloreto de hidrogênio”.
Telescópio James Webb é o mais poderoso já colocado em órbita
Sendo o sucessor espiritual do Hubble, o mais famoso e longevo telescópio que a humanidade levou ao espaço, o telescópio espacial James Webb é considerado o maior telescópio de ciência espacial já construído pelo homem. Para se ter um pouco da real dimensão do equipamento, somente seu escudo solar, estrutura que o protege da luz e do calor do Sol, tem aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis. Ao todo, com suas mais de 6 toneladas, ele chega a ter o peso de um ônibus escolar. Lançado no final de dezembro do ano passado, o telescópio esteve em desenvolvimento por 30 anos e possui um custo avaliado em US$ 10 bilhões. Um dos seus principais diferenciais é a sua capacidade de enxergar em infravermelho e, dessa forma, observar estrelas e sistemas planetários que “se escondem” em nuvens de gás e poeiras localizadas em regiões do Universo nunca exploradas, impossíveis de serem observadas pela luz visível. Outra característica que faz do Webb ainda mais especial está relacionada ao tamanho do seu espelho principal, que mede cerca de 6,5 metros de diâmetro, o que o torna 100 vezes mais sensível que o Hubble. Veja também: Veja também a 1ª foto de exoplaneta HIP 65426 b capturada pelo James Webb neste mês de setembro. Fontes: CNN [1] [2], G1.