A citação famosa do livro poderia muito bem ser interpretada para nosso contexto, afinal, o Google sabe sobre você muitas coisas. Desde quando navegamos ou utilizamos a internet, à custa das ferramentas da empresa dispostas livremente em todos os cantos da web, nossos dados são coletados em trocas de e-mails, pesquisas por trajetos e vídeos de animais fofos. Está com vontade de navegar de forma mais segura pelos confins da internet tomando as devidas precauções ou até mesmo utilizar seu celular de forma adequada? Dissecamos a função de alguns produtos Google e apontamos formas para você se proteger.
O Google não é apenas uma ferramenta de pesquisa?
Já fez a busca de algum produto específico na internet, como um livro ou um tênis e o item apareceu em diversas páginas da web dias depois? Não há escapatória, o Google está em diversos sites. E não, não serve apenas como ferramenta de busca. Um dos primeiros chamarizes da plataforma seria a configuração de anúncios, a mesma já vem habilitada quando criamos uma conta no Gmail ou logamos em um celular com sistema operacional Android, ou seja, possibilita que itens desejados apareçam constantemente nos cantos dos sites que visitamos. O engajamento por parte do usuário é tanto que a empresa faz boa parte de sua receita por conta da utilização do Google Ads que, segundo o Statista, fez em torno de 146,920 bilhões de dólares em 2020. Mas a obtenção de dados não para por aqui.
Quais plataformas o Google monitora?
Vale lembrar que o Google retém algumas das propriedades que o consumidor mais utiliza na internet, ou até mesmo fora dela. Começando pelo mecanismo de busca. Há termos legais e necessidades específicas que se encontram no Termos de Serviço do Google que previnem que toda ou qualquer informação seja destruída por completo, mesmo que a sua conta do Google seja deletada. Portanto, tudo que você busca dentro do Google é gravado e mantido, independente se você tenha logado via celular, PC ou tablet. Se você é entusiasta de acionar o mecanismo de voz para pesquisar determinadas coisas, o risco é ainda maior. A não ser, é claro, que você utilize um VPN de boa qualidade. O que mais o Google sabe sobre você? Por onde você anda ou transitava. Se você utilizou o Google Maps em algum momento da sua vida, tem uma grande chance da função de rastreamento ter sido habilitada em seu dispositivo. Se eventualmente for hackeado, onde você mora ou trabalha é um dos itens que os criminosos terão acesso. O mesmo esquema de indicação pode ser encontrado também no YouTube, propriedade do Google desde 2006. Como é uma empresa que gerencia todas essas páginas, é bem provável de uma indicar para outra algum conteúdo com base no que foi pesquisado em outra página. Não se surpreenda se surgir vídeos de determinada pessoa no YouTube caso, alguns dias antes, você tenha pesquisado quem ela era no Google.
O que o Google sabe sobre você?
Na mesma página que é possível habilitar e desabilitar a personalização de anúncios, é possível verificar o que o Google sabe sobre você ou, pelo menos, um perfil levemente correto. É chocante saber que, das 19 opções que a plataforma entrega como certas, 12 estão certas ou coincidem com meus interesses. Para saber o que o Google de fato conhece você, além do sistema de anúncios, é simples:
Por que o Google quer ter acesso aos dados?
Como qualquer ficção científica que fala sobre inteligência artificial, tudo que pesquisamos ou deixamos o Google saber eventualmente vai servir para a plataforma aprender sobre quem somos e nos atingir. No entanto, o intuito é menos maligno do que nas ficções, pelo menos ainda: montar um perfil para vender produtos com base na nossa localização e gostos. Se o seu intuito era entrar na internet para se divertir ou achar alento, por menor que seja, é no mínimo decepcionante que seus dados estão servindo para você ser mais explorado ainda. Afinal de contas, o produto é você. Ao criar uma conta, precisamos preencher idade e gênero, a partir deste ponto as demais informações são cedidas voluntariamente. Uma foto, uma curiosidade lançada à ferramenta de pesquisa, interesses, etc. Os demais campos serão preenchidos conforme permanecemos nas redes Google.
Existem formas para você se proteger?
Felizmente, algumas destas opções podem ser desabilitadas e o próprio Google ajuda nisso — não de forma totalmente efetiva. Na página de configurações de anúncios citada no início do tópico anterior, é possível desabilitar a personalização dos anúncios recebidos. Como é apontado, os anúncios não são desativados por completo, mas a precisão é menor. Para os preocupados de plantão, é possível também apagar dados do Google e o famoso Ctrl+Alt+Del não entra na equação. Basta entrar na Minha atividade no Google dentro das opções e buscar por determinado termo ou apenas rolar pela página até encontrar o que deseja excluir, conforme mostrado abaixo. Caso você não se importe muito com o que o Google sabe sobre você, é possível só diminuir a quantidade de dados que fica gravado. Para isso, clique em cima dos três primeiros campos acima (Atividade na Web e de apps; Histórico de Localização e Histórico do YouTube) e configure manualmente. Em era de instantaneidade, é quase impossível dizer não a todas as comodidades que as ferramentas Google oferecem. Mas com alguns questionamentos que lançamos acima, ainda mais no que diz respeito a sua segurança, é no mínimo razoável decidir utilizar outros aplicativos e ferramentas. Pensando bem, é possível sim viver sem o Google. O DuckDuckGo substitui muito bem a ferramenta de pesquisa e é gratuito; já o ProtonMail pode fazer as vezes do Gmail e, de quebra, inclui mensagem criptografada padronizada. Você é um criador no YouTube e quer migrar para outro lugar? O Vimeo é uma saída, com enfoque principalmente nestes tipos de conteúdo. O quanto você acha que o Google sabe sobre você? Conta pra gente nos comentários. Fonte: Cnet, Spread Privacy, Cybernews e Business Insider.